terça-feira, 28 de outubro de 2008
CARTA ESCRITA NO ANO 2040...
domingo, 19 de outubro de 2008
Sou prosa!
Se, algum dia, alguém quiser saber o que realmente faz com que eu me sinta viva eu sei que, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi, sem pensar sequer por um segundo: - sentir! Sentir que existo, vibro, amo, desejo, me encanto, me reconheço, percebo, entristeço, choro, perco o controle, recupero, subo, desço, respiro e transpiro, mas vivo. Vivo intensamente cada momento e isso é o que eu desejo fazer para sempre.
Se, algum dia, alguém quiser saber o que realmente faz com que eu me sinta morrendo em vida, eu sei que, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi, sem pensar por um segundo: - não ser! Não ser eu mesma, medir palavras, buscar desculpas, ocultar sentimento, polemizar, deixar de ouvir, saber o outro, perguntar, esconder, me anular e constatar que perdi meu tempo com algo que não tivesse realmente sentido.
Se alguém, um dia, quiser saber o que realmente faz com que eu me sinta feliz, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi, sem sequer pensar: - carinho! Carinho verdadeiro, que embala, transforma, aquece, estremece, supera, envolve, acolhe, transfere, purifica, marca, supera e que modifica tudo, para tornar-se cada vez maior.
Se, por ventura, alguém me perguntar o que me deixa realmente triste eu direi, sem sequer piscar: - a violência! Violência gratuita, sem sentido, que fere, dói, magoa, persegue, repele, mata, corroi, animaliza, banaliza e sufoca até a morte.
Se alguém me perguntar o que me causa dor, ontem, hoje, amanhã e sempre, com certeza eu direi: - o medo! Medo de não saber, de não ser, de não sentir Medo que paralisa, que destrói sonhos, que endurece, emperra, afasta e que impede a vida.
Se alguém me perguntar, o que realmente me causa ira, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi: - o escárnio! Escárnio que envergonha, minimiza, que potencializa a dúvida, que tira a confiança, que amedronta, desmoraliza, embrutece, violenta, brutaliza e que faz com que o outro não se perceba capaz.
Se alguém quiser saber o que me faz desistir de me aproximar de alguém, ontem, hoje, amanhã e sempre eu vou dizer: - a arrogância! Arrogância que afasta, bestifica, impede, incomoda, violenta, zomba e não se reconhece.
Se alguém quiser que eu defina, em uma única palavra, a minha maneira de ser, ontem, hoje, amanhã e sempre eu responderei de imediato: - humana! Humana a ponto de sentir, permitir, abrir e baixar a guarda, oferecer, conciliar, reavaliar, superar, rever, doar, entregar, compreender e buscar, sempre, um modo de aproximar. Aproximar para saber, sem ser injusta, para conhecer, rever, ponderar e conviver para viver e então, sentir. Sentir que me faz voltar ao momento inicial desse desvendar de mim mesma e descobrir-me prosa. Um pouco poética, mas prosa.