terça-feira, 28 de outubro de 2008

CARTA ESCRITA NO ANO 2040...


Acabo de completar 80 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo pouca água. Creio que me resta pouco tempo.Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha 5 anos.Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques. As casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro por aproximadamente meia hora. Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, raspamos a cabeça para mantê-la limpa sem água. Lavavamos o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que utilizávamos a água dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam para CUIDAR DA ÁGUA, só que ninguém lhes dava atenção. Pensávamos que a água jamais poderia terminar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam os empregados com água potável em vez de salário. Os assaltos por um litro de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para se beber era oito copos por dia, por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo. Tivemos que voltar a usar as fossas sépticas como no século passado porque a rede de esgoto não funciona mais por falta de água. A aparência da população é horrorosa: corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Com o ressecamento da pele, uma jovem de 20 anos parece ter 40. Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos gametas de muitos indivíduos. Como conseqüência, há muitas crianças com insuficiências, mutações e deformações. O governo até nos cobra pelo ar que respiramos: 137 m3 por dia por habitante adulto. Quem não pode pagar é retirado das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar. Não são de boa qualidade, mas se pode respirar. A idade média é de 35 anos. Em alguns países restam manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exército. A água tornou-se um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há árvores porque quase nunca chove. E quando chega a ocorrer uma precipitação, é de chuva ácida. As estações do ano foram severamente transformadas pelas provas atômicas e pela poluição das indústria do século XX. Advertiam que era preciso cuidar do meio ambiente, mas ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem, descrevo o quão bonito eram os bosques. Falo da chuva e das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse. Não posso deixar de me sentir culpada porque pertenço à geração que acabou de destruir o meio ambiente, sem prestar atenção a tantos avisos. Agora, nossos filhos pagam um alto preço... Sinceramente, creio que a vida na Terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto... enquanto ainda era possível fazer algo para salvar o nosso planeta Terra!

FAÇA ESTA MENSAGEM CHEGAR A SEUS CONHECIDOS. POR CADA PESSOA QUE A LER VOCÊ ESTARÁ CRIANDO UM POUCO DE CONSCIÊNCIA PARA CUIDAR À SUA VOLTA.

ACORDA GOVERNO, ACORDA HUMANIDADE...enquanto ainda é tempo!
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domingo, 19 de outubro de 2008

Sou prosa!


Faço versos, versos simples, mas sou prosa e quanto mais revejo e releio meus escritos, mais me convenço disso. É quando escrevo sem medir o tempo, o espaço, sem fazer rimas e sem buscar metáforas em lindas palavras, que me solto e me coloco inteira. Sentimento puro, à flor da pele, recheado de momentos de puro carinho e, em outras vezes, carregados de pura ira. Escritas que demonstram alegria imensa, outras uma profunda tristeza, mas que elevam, fazem voar, energizam, acolhem, recolhem, envolvem e se dissolvem, mas que deixam marcas profundas e que me tornam essência de puro sentimento.

Se, algum dia, alguém quiser saber o que realmente faz com que eu me sinta viva eu sei que, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi, sem pensar sequer por um segundo: - sentir! Sentir que existo, vibro, amo, desejo, me encanto, me reconheço, percebo, entristeço, choro, perco o controle, recupero, subo, desço, respiro e transpiro, mas vivo. Vivo intensamente cada momento e isso é o que eu desejo fazer para sempre.

Se, algum dia, alguém quiser saber o que realmente faz com que eu me sinta morrendo em vida, eu sei que, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi, sem pensar por um segundo: - não ser! Não ser eu mesma, medir palavras, buscar desculpas, ocultar sentimento, polemizar, deixar de ouvir, saber o outro, perguntar, esconder, me anular e constatar que perdi meu tempo com algo que não tivesse realmente sentido.

Se alguém, um dia, quiser saber o que realmente faz com que eu me sinta feliz, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi, sem sequer pensar: - carinho! Carinho verdadeiro, que embala, transforma, aquece, estremece, supera, envolve, acolhe, transfere, purifica, marca, supera e que modifica tudo, para tornar-se cada vez maior.

Se, por ventura, alguém me perguntar o que me deixa realmente triste eu direi, sem sequer piscar: - a violência! Violência gratuita, sem sentido, que fere, dói, magoa, persegue, repele, mata, corroi, animaliza, banaliza e sufoca até a morte.

Se alguém me perguntar o que me causa dor, ontem, hoje, amanhã e sempre, com certeza eu direi: - o medo! Medo de não saber, de não ser, de não sentir Medo que paralisa, que destrói sonhos, que endurece, emperra, afasta e que impede a vida.

Se alguém me perguntar, o que realmente me causa ira, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi: - o escárnio! Escárnio que envergonha, minimiza, que potencializa a dúvida, que tira a confiança, que amedronta, desmoraliza, embrutece, violenta, brutaliza e que faz com que o outro não se perceba capaz.

Se alguém quiser saber o que me faz desistir de me aproximar de alguém, ontem, hoje, amanhã e sempre eu vou dizer: - a arrogância! Arrogância que afasta, bestifica, impede, incomoda, violenta, zomba e não se reconhece.

Se alguém quiser que eu defina, em uma única palavra, a minha maneira de ser, ontem, hoje, amanhã e sempre eu responderei de imediato: - humana! Humana a ponto de sentir, permitir, abrir e baixar a guarda, oferecer, conciliar, reavaliar, superar, rever, doar, entregar, compreender e buscar, sempre, um modo de aproximar. Aproximar para saber, sem ser injusta, para conhecer, rever, ponderar e conviver para viver e então, sentir. Sentir que me faz voltar ao momento inicial desse desvendar de mim mesma e descobrir-me prosa. Um pouco poética, mas prosa.

sábado, 4 de outubro de 2008

LOUCURA versus SANIDADE..!


Hoje foi um ia muito diferente para mim. Enquanto observava as vacas pulando de galho em galho, e ouvia o canto dos peixes, comecei a refletir sobre coisas muito importantes. Muitas vezes temos a sensação de impotência diante dos fatos que ocorrem nesse mundo. Tudo parece ser tão aleatório e sem seguir quaisquer regras. A sociedade moderna trouxe consigo um estado anômico que faz com que as pessoas sintam-se cada vez mais perdidas diante de tantas informações. A resposta que encontramos para isso é criar barreiras psíquicas, para proteger-nos. Tornamo-nos cínicos, blasés. Como é que nós conseguiremos nos importar com as outras pessoas sem que ao menos saibamos como tomas conta de nossas próprias vidas? Claro que é possível tentar contrabalancear esses dois elementos, mas não é fácil. Vivemos numa roleta russa emocional que foge totalmente ao nosso controle. O que fazer então? Sinceramente, creio que a melhor solução possível é buscar meios para tentar levar uma vida (quase) saudável. Não acredito que ninguém possa ser capaz de levar uma vida saudável, pois há muitas dificuldades que surgem diariamente para impor-nos desafios. Vive é lutar. No fim das contas, acho que todos de alguma forma acabam vendo vacas pulando de galho em galho e ouvem o canto dos peixes, pois todos nós somos loucos de alguma forma.

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Quando Nietzsche chorou...


Pretensão. É essa a palavra que veio à minha cabeça quando terminei de ler "Quando Nietzsche Chorou", de Irvin D. Yalom. O livro, para quem ainda não ouviu falar do best seller, trata-se de um suposto encontro do filósofo ´para tratar-se com o Dr. Breuer, um famoso médico de Viena no século XIX, que também era amigo de Freud. Até aí, nada demais. O autor demonstra ter uma imaginação e tanto. E há mais coisas interessantes neste livro: a ambientação, por exemplo: Viena é retratada de forma interessante pelo narrador. Algumas descrições dos personagens. O contexto histórico. Um outro fator positivo é o fato de que a leitura é fácil - com um narrador personagem - sem maiores complicações, numa linguagem simples, permitindo ao leitor acompanhar o desenvolvimento da história sem maiores problemas. No entanto, há alguns aspectos negativos que não podem e nem devem ser ignorados. Por exemplo: a figura da mulher misteriosa representada por Lou Salomé é totalmente óbvia, pois dezenas de personagens femininas já foram retratadas de forma parecida: anticonvencionais, belas, caráter forte, que nunca aceitam "não" como resposta, sedutoras, etc. É apenas a repetição de aspectos de outros personagens femininos que já apareceram em outros livros. A simplicidade da linguagem também é outro problema, pois, especialmente no começo, a linearidade narrativa chega a ser entediante. Os pensamentos dos personagens e suas ações tornam-se previsíveis. Um exemplo: ao chegar em sua casa, o narrador observa que sua mulher se vestia de cinza, ou com outras palavras, demonstra arelação que tinha com ela, desapaixonada. Mesmo os flashbacks depois de um certo tempo, podem ser previstos. Mas o melhor está no final: no último capítulo não há surpresa nenhuma, dado que o nome do livro já diz tudo. Se eu pudesse mudar o títuloi do livro, escolheria "Nietzsche para Iniciantes". Ou ainda "O que é Psicanálise?". Durante os capítulos o autor vai expondo alguns pensamentos do filósofo, mas sem aprofundá-los (acho que nem seria cabível em um livro comercial fazer tal coisa). E toda aquela conversa entre "Fritz" e Breuer, para quem já fez análise, sabe muito bem do que se trata aquele tipo de tratamento. Outros aspectos poderiam ser levantados, como a relação terapeuta-paciente, a transferência, a presença de Freud. Mas tudo levaria às mesmas conclusões, a de que o livro é um fenômeno comercial, sem maiores pretensões. Para ser sincero, há momentos que até lembra livros de auto-ajuda. A superficialidade predomina do começo ao fim. Mas não é uma leitura desagradável. Deve ser lido sem criar maiortes expectativas, jamais acreditando que vai ser possível entender a filosofia de Nietzsche, ou que vai entender o processo psicanalítico. Não, o livro não é sobre isso. É puro entretenimento, mais um produto comercial que está à venda nas livrarias.

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