segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Ao pai presente e ao pai ausente...


Paternidade não é uma instituição, é uma intuição, você se sente pai mesmo sem ser o genitor, ser pai não é um sacrifício, é ter na alma um compartimento. O pai não é só um contador de história ele é a nossa própria historia. Nosso herói, quando o amor for dito em voz alta, nosso bandido, quando o desgosto for falado pra dentro. O pai presente pode estar ausente e o ausente pode estar presente, estranha condição essa de homens que se tornam pais, porque a sua simples presença já é um presente para os filhos e quando não está, qualquer que seja o motivo, deixa aquelas crianças tristes. Há órfãos de pais vivos, uma das maiores crueldades praticadas com a infância de um ser humano. Há o pai que é mãe e a mãe que é pai, circunstâncias da vida exigem que alguém se desdobre, seja duplo, seja dobro, e ao ser os dois essa mãe que é pai ou esse pai que é mãe tornam-se ainda mais extraordinários para aqueles filhos. Filho de pai que é mãe ou de mãe que é pai são abelhudos. Porque seus pais são como abelhas, e o seu afeto é o mel fabricado por sua dedicação. Quando um homem se torna pai deveria obrigatoriamente receber da natureza um upgrade, ganhar a capacidade de ter superpoderes, para ser mesmo um herói legitimo, poder derrotar os vilões e prender os ladrões. E nunca ser bandido, porque perderia uma triste característica da natureza humana. A de decepcionar os filhos, a de prometer para eles e se esquecer de cumprir. E pior, esquecer que tem filhos. O pai de final de semana quer ser mar, mas o filho descobre que ele se parece muito com o mar, mas falta o sal. Falo isso para despertar consciências. Mas alguns desses pais não são culpados, são absolvidos pela incerteza dos seus destinos, pois afinal nem tudo na vida sai exatamente como planejam, então se ele não é salgado pelo menos tenta ser doce nas poucas horas que tem pra ocupar aquele espaço, o de pai. Se ele não pode pagar seu amor a vista ao filho ele faz de maneira parcelada. E no final dá tudo certo. Parabéns aos pais que são como um país, como uma nação para seus filhos, “verás que um filho teu não foge a luta”. Parabéns aos pais que são pátria mesmo depois de mortos, porque vivos sempre estão no coração, aos pais que não exilaram seus filhos e aos pais que mesmo longe jamais vão se tornar uma terra estrangeira para eles.
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