segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Enquanto penso...


Ouço dizer que não considero mais o cérebro a sede de meu pensamento. Ele existe muito além da minha cabeça. Pulsa até mesmo fora de meu corpo. Meras manifestações nervosas e neurais não são suficientes para explicá-lo. Transcende as propriedades da matéria o que penso.Pensar, desejar, escrever, se emocionar e expressar sentimentos não são meras manifestações bioquímicas do cérebro, "O desejo é expresso na carícia, o pensamento com a linguagem" disse Jean-Paul Sartre. O pensamento é materializado com os atos. Só assim pode ser localizado.Tenho sentido que sou eu quem fabrico minhas próprias dores em contraposição que não sou eu quem produz meu prazer, para tanto, preciso dele. Mas não quero exercer meu poder egocêntrico sobre ele. Que seja espontâneo. Porque ele me ensinou um novo tipo de coragem. O uso do corpo não para demonstrar poder, mas para o cultivo da sensibilidade. Aprendi a pensar com o corpo. Ele me ensinou a ouvir com o corpo a música que a natureza toca continuamente. Ao invés de usar o meu corpo como exercício de poder sobre o outro tenho aprendido a usá-lo como uma maneira de criar empatia, a expressão do meu eu como um objeto de arte e uma fonte de prazer. Ao pensar tomo parte do universo, é mais fácil desnudar o corpo físico do que a mente, o espírito, a alma. É muito mais fácil compartilhar o corpo do que os sonhos, as fantasias, as loucuras. A vulnerabilidade nos torna covardes. O nosso coração é capaz de nos levar ao paraíso, porém também é capaz de nos destruir. Para vencer não adianta só essa história de "ser nós mesmos". É preciso participar da alma dos outros.O meu cérebro é o símbolo do solitário, algo que vive apenas para si, o órgão que garante a minha sobrevivência. Porém a mente, o meu pensamento é o signo da solidariedade, "viver entre muita gente" ainda que de longe, mas sempre por dentro. Se a dúvida, entre o que é certo e o que errado, entre o que é bom para mim e o que não é, ainda não me matou, hoje eu me tornei mais forte.
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