domingo, 13 de setembro de 2009

Meu sangue errou de veia...


Não faz muito tempo não, foi estes dias que eu me liguei nesse lance louco do espelho, não daquele que tenho no banheiro, mas aquele que reflete muito mais do que nosso rosto, mas os nossos atos e atitudes em outras pessoas. Saber que os meus pensamentos funcionam como espelho de alguém também tem engrandecido esse meu ato livre que é escrever. Ver-se refletida ou refletir outra pessoa em si é uma “brincadeira” saudável à beça para o autoconhecimento. Porque ao se deparar consigo mesmo você percebe tanta coisa que estava invisível que resolve se amar. Não de forma egoísta e vil, mas de uma maneira que toda alma merece. É um caminho que vai para dentro, cheio de curvas é claro, porque nenhum de nós é santo(a), mas que quer pelo menos nessa existência entender um pouco quem é esse(a) que somos. O nosso ser real cheio de medos e contradições, o nosso eu sorridente mesmo coberto de cicatrizes. E a melhor maneira de espelhar ou ser espelho é amando. Em seu livro “Pequena tratado das grandes virtudes” um filosofo chamado André Comte Sponville afirma que há três manifestações de amor" : Philia, Ágape e Eros. Philia seria como o amor associado à amizade, ao companheirismo e reciprocidade. Já Ágape traz em sua essência a benevolência e caridade de forma humanitária e desinteressada. E é em Eros que a loucura da paixão explode, pois ele é um amor a serviço deste deus ciumento e possessivo. O tormento e o prazer vêm juntos, pois este desejo, às vezes é incontrolável. E melhor espelho de quem somos é que uma paixão não há. Pois, a pessoa pela qual nos apaixonamos tem atributos sutis, capazes de ativar e trazer para o presente experiências afetivas de modelos que vivem na nossa inconsciência. Detalhes tão pequenos como o tom de voz, a forma de olhar ou a textura da pele são elementos catalisadores e de explosão entre os enamorados. A paixão consegue negar os limites impostos pela vida, a gente fica brincando com o tempo e se esquece que um dia tudo acaba. O reflexo de quem verdadeiramente somos assusta, em alguns casos até apavora. Mas pode também causar encanto, e vontade de ficar mais perto e de mergulhar mais fundo. As vezes o medo é justamente a chave que liga uma nave chamada coragem.
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