quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

MISSÃO...


As palavras me nutrem, abastecem, animam, dão sentido ao meu existir. Se estou triste, escrevo. Se estou feliz, escrevo. Ponho a vida nas palavras, as minhas emoções, todos os sentimentos. Não mascaro as palavras, não as invento nem reprimo, elas fluem de mim como são e como sou, do jeito que estou e sou. Elas me expressam, eu me revelo por meio delas. São minhas parceiras, amigas íntimas, confidentes. As palavras são o meu confessionário, a minha terapia, o travesseiro em que deposito lágrimas e risos. Escrevo, sobretudo, por mim, pela necessidade de compartilhar, sem avaliar se serei compreendida, se vão gostar ou criticar ou se terá proveito o que escrevo. Confesso que, às vezes, estou cansada e pretendo não escrever, mas encontro pessoas que vieram em busca das minhas palavras e isso me reanima, impulsiona, encoraja, renova as forças. É uma reciclagem da energia que coloco nas minhas palavras e entrego a quem me visita. De graça, porque o que me paga é o afeto que recebo e o prazer de fazer o que faço. Nenhum dinheiro me daria tanto. Quando comecei este blog eu escrevia por mim para os outros. Continua sendo assim, mas hoje também acontece de escrever porque há quem espere por mim, e essa é uma motivação a mais. E se houver uma única pessoa já será uma boa razão para estar aqui. Por isso, quero dizer da importância de cada pessoa que vem a esse recanto, mesmo que eu não saiba quem é, onde está, o que faz, por que me lê e o que sente. Preciso dizer do meu amor e da minha gratidão por todos os que estão aqui, nessa convivência virtual, mas real na alegria que me traz. Que minhas palavras cheguem ao coração de quem me lê. Para alegrar, fazer refletir, comover, divertir, não importa que tipo de sentimento. A razão de cada um é bastante para mim. As minhas razões eu conheço, e explicito, escancaro, mostro, revelo. Demais, talvez, porque há quem diga que me exponho desnecessariamente, que abro demais o coração, que me exprimo além do que devia. Mas que limites são esses, que alguns me cobram? Sou livre para ser o que sou, intensamente feliz com a liberdade que exercito nas palavras. Não quero máscaras que mostrem o que não sou, mas o simples direito da minha expressão. Quero a felicidade de escrever, que é enorme para mim. Acolho as minhas tristezas e as divido, sem me envergonhar delas, pois não são maiores do que sou. Conto a parte feliz por não querer guardá-las só para mim. Estou à vontade no meu próprio ser e com ninguém me comparo, pois me sei única, embora o que sou não caiba no ideal de perfeição em que algumas pessoas queriam me ver. Sinto muito por elas, mas ainda prefiro as convicções que me fazem ser e agir limpidamente, deixando transparecer a minha totalidade. Sou humanamente real, intensamente humana. Nem melhor nem pior do que a maioria das pessoas. Falo de mim não por vaidade, mas por achar que o meu cotidiano pode ser útil à experiência alheia, mesmo que individual, e porque me faz bem compartir uma vida simples e, exatamente por isso, cheia de encantos. Coleciono algumas decepções, mas elas não me fazem desistir do que quero. O que seria frustração se transforma em espera pelo momento certo de acontecer. O que me magoa também me ensina. O que me machuca também me cura. Sigo na minha missão humana e espiritual, e busco a felicidade que mora na paz do coração. Reconheço o meu dom de transmutar sofrimento em aprendizado e lágrimas em sorriso. Quando choro, recolho as lágrimas e coloco-as sobre a Mãe Terra, de onde vim e para onde vou, o terno e eterno útero da humanidade. Eu me emociono profundamente quando alguém é tocado pelo que escrevo, isso sim. Fico comovida, pois me dá o sentido de utilidade para os outros, além do bem que escrever traz para mim. O enternecimento que toma conta de mim é como luz à minha volta, e isso não tem nada de vaidade, mas tem tudo de gratidão.