quarta-feira, 8 de julho de 2009

Eu existo pra você...


Ao descobrir que o seu maior desafio seriam as relações humanas aquela mulher passou a pensar muito sobre o assunto. O exercício da autocrítica ensinado por sua mãe passou a fazer parte do seu universo interno insistentemente. O seu conceito de amor já não a estava fazendo bem, algo teria que ser mudado. A sensibilidade é a sabedoria do coração, assim como o conhecimento é a inteligência do pensamento, e agora aquela mulher precisava encontrar um ponto de equilíbrio entre esses dois rios que correm dentro dela. A razão em demasia pode tornar as pessoas egoístas e a emoção exagerada deixa-nos frágeis e carentes demais. O desafio agora era usar a razão onde ela deva ser usada( resolver problemas, planejar a vida e fazer as escolhas conscientes e sem impulso) e permitir que o coração tenha sua voz sempre ativa. A sensibilidade daquela mulher havia deixado seu coração exposto, a sua forma de amar a deixava dependente emocionalmente do amor. Embora ela soubesse através de sua razão que ninguém completa ninguém, tinha pavor de ficar sozinha. Não sozinha fisicamente, mas com o coração vazio, sem ninguém para amar e alguém para amá-la. Aquela mulher como projeto de ser humano poderia sucumbir assim dessa maneira, então precisava tomar um novo rumo. O primeiro passo seria liberar o perdão a si mesma e que sua individualidade não avançasse sobre o calor de seu afeto. Perdoar a si mesmo é reconhecer seus erros e acreditar na capacidade de corrigi-los. A individualidade não é um instrumento do egoísmo, ela deve ser a nossa aptidão para vivermos sozinhos, de cuidar do nosso corpo e alma dignamente. E tudo isso aliado ao reconhecimento que o outro não pode ser submetido, dominado e obrigado a fazer e a ser como queremos. Aquela mulher estava descobrindo uma nova maneira de amar, sem diminuir o calor e a poesia desse seu ato mais sublime, seu grau de franqueza consigo mesma ao ser transportado pra cá dá uma medida disso. Afinal ela não é automática, precisa estar reciclando o tempo todo para manter o frescor de sua alma. Agora ela precisava derrubar as velhas pontes e construir novas, para que as relações afetivas futuras, e até mesmo as antigas, assumam um novo significado em seu caminho. A frase do psicoterapeuta Flavio Gikovate agora era como uma onda se atirando contra os pilares de seu cais “Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém”. Embora ela tenha sido sempre muito compreensiva, é muito critica, talvez isso tenha sido um dos pontos de atrito que desgastaram os amores tão bonitos que surgiram em sua vida, e aquela mulher tem buscado desesperadamente paz de espírito e não tem a encontrado. Não é fácil ser ela porque como está acordando e não dormindo como a maioria das pessoas, está sujeita a errar muito mais do que eles que repousam nos braços de Morpheu. Aquela mulher provavelmente sou eu.
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