sexta-feira, 24 de abril de 2009

Susan Boyle em Got Talent...


Acho que só porque é hoje eu queria me emocionar e foi o que aconteceu da maneira intensa que me foi permitido pelo Reino da luz. Ainda antes de acordar tive um sonho daqueles que revolucionam meu universo particular e o primeiro pensamento do dia foi essa frase “só porque é hoje quero que algo especial aconteça comigo. ” Eu mal havia acordado e aquela foi a primeira “carta”, a primeira mensagem que recolhi na caixa postal. Ainda com os olhos preguiçosos e sensíveis a luz eu a abri lentamente, sem pressa, na valsa, sentindo a paz de uma manhã tranqüila invadir meus pulmões. Eu sou uma mulher abençoada. Era um vídeo como tantos os outros que assisto diariamente, na primeira imagem ainda sem abrir vi uma senhora sem beleza que parecia que ia cantar uma música. Foi o que me fez querer assistir porque eu queria ouvir a primeira canção do dia. E quando o vídeo abriu notei que se tratava de uma candidata de um programa inglês chamado “Britain’s Got Talent”( algo como A Grã-Bretanha tem talento ) que tinha no Brasil sua versão “Ídolos” e “Fama”. Esse foi o programa que revelou outros dois candidatos inesquecíveis. Connie Talbot de seis anos, um anjo que ao abrir sua boca, ainda banguela faltando uns dentinhos, me fez chorar ao cantar “somewhere over the raibow". E cada lágrima foi a perola que a minha alma fabricava para o colar que uso no pescoço, mas que só os sensíveis podem ver. O segundo foi Paul Potts que aos 36 anos emocionou não só a Inglaterra da Rainha Elisabeth, mas o mundo todo ao cantar o "Nessun dorma" da ópera Turandot. Fui arrebatada, é o que acontece aos sensíveis quando algo toma-lhes a alma de assalto, um êxtase invade seu corpo e ele é capaz de falar a língua dos anjos com os olhos, suspeito até que por segundos eles tomam consciência do reino angelical e flutuam, levitam a dois palmos do chão para pousar suavemente como se fosse um beija-flor no final do dia, no galho de uma árvore que ele escolheu pra morar. E finalmente Susan Boyle, o dia nem tinha começado pra mim, e meus olhos ainda sensíveis a luz fitaram aquela moça de 47 anos, que pareciam ser alguns mais, desempregada, sem namorado, de pé dizendo que ia cantar. A platéia riu debochada desdenhando de sua aparência, de sua idade maior do que a maioria dos calouros, pensavam que ela era só mais uma daquelas “freaks”, que é a palavra em inglês usada para humilhar as pessoas, para chamá-las de estranhas, de aberração, de anormais. É a miopia emocional humana que ao ver aquela moça simples soltou um murmúrio de incredulidade que percorreu friamente todo o auditório. Mas quando ela cantou “I dreamed a dream” do musical “Les miserables” todos ficaram arrebatados... e eu, eu chorava muito, porque vi ali tantas, tantas pessoas, sonhadoras, tantas mulheres que merecem amar e vencer... eu vi nela o símbolo verdadeiro do que é ser um ser humano... quando estamos falando de arte, e de sobrevivência, o ser humano pode tudo. Meu Deus como eu chorava de soluçar. Ao fim da canção eu estava até meio fora de mim, ouvi o jurado dizendo "Quando você entrou aqui, todos riram; agora ninguém mais está rindo. Estamos todos impressionados”. Há dez anos tem como companheiro apenas seu gato “Peebles”. Nunca teve namorado, não era socialmente aceita no colégio. Caçula de uma família de nove irmãos, Susan nasceu de um parto complicado em que sofreu falta de oxigenação, deixando-a com uma grave sequela:dificuldades de aprendizado. Por conta disso, tornou-se alvo de chacotas e brincadeiras maldosas de outras crianças quando frequentava a escola. Cresceu, envelheceu e teve na música o seu único alento na vida. Porém, com problemas de auto-estima, nunca apostou em seu talento natural. Inscreveu-se, enfim, para participar do programa dois anos após a morte de Bridget, sua mãe, em 2007. Ela era fã do programa e dizia que, se um dia Susan fizesse sua inscrição no reality show, seria vencedora. Disse Boyle: “Eu nunca acreditei que era boa o suficiente. Foi só após a morte de minha mãe que tomei coragem para fazer minha inscrição. Foram tempos difíceis, sofri de depressão e ansiedade. Mas após a escuridão vem a luz. Queria que minha mãe tivesse orgulho de mim, e a única maneira de fazer isso foi correndo o risco de participar do show". Obrigado Deus por me dar um coração sensível, e um sentimento que me acompanha desde tempos imemoriáveis no espírito, nesse momento minha alma brilha, minha alma brilha, minha alma brilha.
...(*-*)