sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Medos..!


Disse adeus a um medo. Na despedida, tantos outros foram embora! Agora, com eles longe, fico sem saber se a passagem era de ida e volta. Mas que me importa, por ora? Cresci em segundos, ali, na plataforma da vida, embarcando os temores. Mergulhei na leveza de me desprender, salgando e azulando os sentidos. Como se tudo a partir de então fosse possível, mesmo não sendo. Certa inocência vi recuperada, reconduzida ao encanto de ignorar com sabedoria. Depois de séculos, livre, livre de novo...! Os mais chatos me dirão: "mas tal fato só pôde se dar porque é a resultância de um processo". E eu não sei, Doutor Racional? Só que me refiro ao aspecto mágico de uma conquista. Acordar no meio da noite, com a surpresa da paz, vinda não sei de onde, ciente de que tudo o que se tem é a momentânea existência (ainda que a reconfortemos com futuros ou passados gloriosos, ainda que a fustiguemos com esses mesmos pré e pós). E se alegrar com o nada que é a vida, senão sua recriação constante. Dia após dia, dor após dor, alegria depois de alegria. Olhar com bons olhos a marcha incessante de um incógnito tempo. Não temer tanto perdas, solidões; entregando-se apenas à brisa que sopra o presente, no máximo torcendo para que haja sorriso no próximo desjejum. Quem sabe três novas alegrias no almoço? Mas vem pra cá, brincar de montar o destino não é tão legal quanto aprender uma nova lição! Veja só, olhe como é que se faz. Não gosta? Ah, deve haver outras formas de se fazer. Não há? Invente-as, pois. Melhor reencarnar várias vezes numa mesma vida do que esperar que a Divina Providência o faça. Liberte o que há para viver, com coragem, parindo novas possibilidades. Só não dê nome, sobrenome, e uma única função para o existir. A vida tem muito mais sabor quando é ainda só barro.