quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Ler...é a arte de desatar nós cegos!


Escrever minhas reflexões tornei-me personagem de sua vida e você ao me descrever o que sente tornou-se personagem da minha. Este ato, o de refletir a luz ou iluminar a escuridão da vida através da sutileza da palavra, é o meu encontro enigmático e labiríntico com os outros.Escrever é o meu recurso mais refinado e o meu dom mais amado.O escritor alemão Goethe dizia que “ler é a arte de desatar nós cegos”.Por fora sou simples, como uma outra qualquer, mas por dentro sou mesmo um emaranhado, uma constelação, um nó cego que só se desata se for colocado em palavras.“A diferença entre a palavra certa e a palavra errada é a mesma diferença entre um relâmpago e um vaga–lume”. (Mark Twain)
Escrever é bem parecido com cozinhar, os textos sãos como pratos quentes para serem degustados, pedaços da gente para os outros experimentarem. E não se experimenta a vida apenas por si mesmo, pode-se conhecer o além de nós através da experiência do outro. Experimentamos a vida através de uma rica diversidade que está ao nosso redor: uma imagem numa fotografia, uma pintura eternizada num quadro, um símbolo, um ruído, uma vibração, um gesto, uma voz, uma expressão, uma lembrança, um cheiro, o cheiro da nossa casa, uma história, um livro...antes de aprender a escrever o homem desenhava. Ler é interpretar, traduzir, captar...tentar sentir o mesmo que sentiu a pessoa que escreveu aquelas palavras. Ao oferecer meu cadarço cheio de nós estabeleço contigo um pacto. O de desatar os meus nós à medida que vou te falando do entrelaçado dos meus pensamentos e o de compreender-te à medida que do outro lado você também vá me dizendo o que se passa com você. Ler é a fuga de uma ilha, uma viagem a um país estrangeiro, escrever é traçar paralelos entre a vida que vivemos e a que inventamos para viver. Leio para poder estar em lugares onde jamais poderia estar ao mesmo tempo em que estou aqui, escrevo para exercitar todos os meus sentidos. Eu sou um livro vivo, esperando que alguém me leia, tenho em mim a necessidade de ser lida, de ser ouvida e valorizada em vida. A leitura que fazemos um do outro são partes-metade da mesma vontade contínua de compreender e ser compreendido. Ambos somos temporais e temporários, dentro de nós habita o nascimento e a morte. Caminhamos pela mesma praia, vemos as pegadas um do outro e contemplamos as mesmas ondas que quebram na areia só que em pontos diferentes, apesar de você saber como é o meu rosto, de saber tanto sobre a minha vida porque te conto através do que escrevo, ainda não sabe exatamente quem eu sou.E lá no fim dessa mesma praia estou sentada nas pedras olhando pra você.