Enquanto adicionava um pouquinho de açucar ao meu Capuccino, descubri que pelo menos uma coisa na vida eu consegui encontrar na medida certa...o meu orgulho. Eu tenho o suficiente dele para que eu não precise me humilhar, me mortificar, para que eu não precise implorar que sintam pena ou dó de mim. O meu orgulho não me permite que eu me faça de vítima. E tenho o bastante dele também para que ninguém precise fazer o mesmo para despertar em mim um sentimento de compaixão, de compreensão, de perdão ou de abrigo. O meu orgulho ao mesmo tempo me protege da humilhação e me torna uma pessoa que desculpa e que perdoa. Não à toa, mas quando é realmente merecida a minha acolhida. E mesmo tendo encontrado essa fórmula isso não impede que eu machuque ou seja ferida pelas pessoas. Faz parte da vida ferir e machucar. Enquanto tomo meu Capuccino sentada no fundo desse café, incógnita e quieta, procuro observar as pessoas sem que elas saibam. Alguns dos meus olhares esbarram com os olhares delas, mas rapidamente mudo de direção o meu, a graça de se observar às pessoas é justamente a espontaneidade delas quando não sabem que estão sendo olhadas. Porque aí entra a vaidade delas, e a vaidade é o desejo que temos de despertar nos outros a afirmação da nossa capacidade de admiração do outro, com a esperança secreta de chegar por fim a convencer a nós mesmos que somos admiráveis.