sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Robôs estão "roubando" nossa humanidade?


Incontáveis vezes eu já assisti ao maravilhoso filme "O homem bicentenário" e cada emoção sempre me parece nova, inédita, não tem jeito! Sinto-me um verdadeiro chafariz, que jorra lágrimas e reflexões o tempo todo! Interessante ver toda a imensa luta de um robô para se tornar humano, enquanto cada vez mais vemos que, fora das telas, ocorre o trajeto contrário, em que humanos parecem se tornar cada dia mais robotizados e o que é pior: também é uma escolha, é voluntário, ao menos na maior parte das vezes. Fico aqui imaginando o incentivo que Andrew recebeu de seu "dono" para descobrir quem ele poderia ser e isso me faz ver como às vezes, por amor, ensinamos às pessoas a descobrir que elas têm asas e que podem voar, ainda que futuramente isso implique em afastamento, em ausência, em perda! É um preço altíssimo em se dar a liberdade total ao outro, mas creio que amar DE VERDADE seja mesmo assim... Com leitura e incentivo, Andrew deseja não só se conhecer, se vasculhar, reconhecer sua individualidade e abraçá-la, mas também aprende na marra a fazer escolhas dolorosas, de um jeito ou de outro, como aceitar a eternidade, ver todos os que amam ir embora e se sentir só... ou abrir mão dela e também morrer, sem saber o que há do outro lado. Às vezes confesso que sinto vontade de me poupar mais, de me anestesiar e meio que me "robotizar", só que aí vejo o quanto me iludiria pensando que seria uma boa saída. Sofrer-se-ia de qualquer maneira, ainda mais quando não nos reconhecermos... Isso me incomoda até quando é momentâneo, então imagine só se fosse uma constante! Prefiro então sentir tudo, cada dor, cada emoção... tentando substituir sempre cada anestesia que às vezes desejo tomar pela sinestesia, tão mais rica e salvadora, cultivando o alívio de, apesar dos pesares, ser humana num mundo tão cheio de robôs. A minha humanidade ninguém rouba. Nem eu mesma.