"Deus escolhe as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolhe as coisas fracas para envergonhar as fortes. Deus escolhe as coisas humildes, e as desprezadas, e aquelas que não são para reduzir a nada as que são" ( 1 Co. 1. 27, 28).
Quando recentemente me vi passando pelas mesmas situações que já havia passado antes fui tomada por uma ira e comecei a bradar contra meu próprio coração. Sentindo raiva dele, o acusando-o veemente de ser o mentor das minhas derrotas. Mas logo que encerrei meu desatino ele respondeu calmamente soprando em meus ouvidos: “Você já passou sim por isso antes, porem jamais as ultrapassou... ” Depois disso para me aliviar fui praticar natação coisa que não experimentava há anos. Aliás aprendi a nadar bem cedo. E como muita coisa na vida, o mundo dá uma volta inteira pra voltar no mesmo lugar. Um dos conceitos mais importantes que aprendi nesse recomeço das aulas foi a importância da harmonia entre o nadador e a água. A biomecânica do nado deve proporcionar ao corpo que ele deslize, sem precisar ficar brigando com a piscina. Assim deveríamos ser com a vida. Enquanto eu nadava pensei nele. E lá estava ele sorrindo pra mim deitado no fundo da piscina. A cada braçada e respiração ritmada ele se movimentava diante dos meus olhos presos nos óculos espelhados de mergulho, como se fosse real. Eu fui mudando os estilos, costas, peito, borboleta e nado livre, e ele permanecia lá deitado como se os azulejos azuis fossem a relva que cobria uma colina e a superfície da água onde eu deslizava fosse o céu. E ele era tão ele mesmo, como se não tivesse ancestrais, nem presente, nem futuro, como se não tivesse sido filho nunca, porque foi gerado pela lua, fecundado pelo sol. Enquanto eu nadava me sentia fazendo musica com ele, eu soando notas graves e ele sons agudos. Vibrávamos na freqüência do coração do universo, pulsávamos na mesma sintonia, por isso que nesse nível de imaginação a realidade fica louca para se vestir de fantasia.
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