terça-feira, 30 de março de 2010

Fatalidade...


Antes da paz, os riscos, o salto de um muro para o outro ou correndo pelas estradas de terra e pelas de asfalto, antes da paz o tombo, queda livre, o tempo correndo sem parar. Antes do final nossa história é escrita com lágrimas, sangue e suor. Ninguém fica ileso, ninguém está imune, viver é se ferir, se contaminar, com os dramas, com as comédias, viver é respirar mesmo quando falta ar. Antes da paz a gente sofre sem parar e não adianta fugir, mas talvez adiante chorar, antes da paz a gente quebra a cara, o braço, porque ninguém vive em paz se não estiver morto, estar vivo é estar em todos os momentos sendo incomodado, amolado, apoquentado pelo destino, as curvas do caminho, as esquinas por onde andamos. Seria fatal se me calasse e nunca mais escrevesse, quem ia morrer seria eu, talvez não toda, mas só o fato de ter uma parte morta o dano já teria sido irreversível pra mim, dona de uma vida torta. Incompleta. Seria fatal se continuasse sendo aquela no meio da multidão, anônima, despercebida, aquela que nunca disse nada, que nunca fez nada acreditando que poderia mudar o mundo as pessoas e a si mesma. Seria fatal se nunca me tornasse quem sou, da escrita... e amasse, se eu não fosse essa confusão de pessoas, lugares e de tempos, se eu não fosse uma pitanga que nasceu em um pé de amora. Seria fatal se eu não estivesse vivendo aqui e agora.
...(",)