quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A pergunta de seus olhos...


"Já era a hora em que o desejo volta aos navegantes, e seu coração é enternecido pela lembrança do dia em que disseram adeus a seus doces amigos; é também a hora que fere de amor o novo viajante, se ele ouve de longe um sino que parece chorar o dia que está morrendo." (A Divina comédia - Purgatório, 8, 1-6, Dante Alighieri)


Tem gente que pergunta uma coisa com a boca e outra com o olhar, é da natureza humana ser assim, um ser cheio de contradições, porque o que há dentro de nós permanece mistério enquanto não nos enfrentarmos de fato. Muita coisa do que acontece do lado de fora é resultado do lado de dentro. A traição daqueles que nos amam pode ser o resultado da deslealdade consigo. Tem muita coisa que tentamos esconder de nós mesmos e nos reprimimos e traímos a nossa própria consciência. Somos vulneráveis por aquilo que não queremos ver. As lamentações são uma forma de exprimir nossa dor com a concretude dessa vida, porque todos nós temos feridas na alma. Se você estudar a história de muitos daqueles que tiveram um grande sucesso descobrirá que eles encontraram sua força em sua maior fraqueza. Em outras palavras ser forte é com todas as forças lutar contra a dor ou qualquer coisa que amargue a nossa existência. O que se levará dessa vida? Enquanto o sol se põe e a noite me abraça, menos um dia, escrevo com os olhos meio marejados uma frase que acho que é de Lord Byron (poeta romântico inglês): “Os espinhos que me feriram foram produzidos pelo arbusto que plantei.”
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