segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

2008 e os outros anos...


Eu nunca permiti que a vida fosse capaz de me secar por dentro, por mais seco que o mundo tivesse sido comigo lá fora. Eu jamais deixei que meus olhos se cegassem por mais escuro e repleto de trevas que fossem os caminhos por onde andei. Sempre resisti bravamente para me manter sensível. Sempre me fascinei com a capacidade sobre-humana de nos renovar, de manter o frescor mesmo depois de tantos anos. Batalha incessante entre o eu consolidado versus o eu modificado. 2008 vai chegando ao fim e vamos fechando nosso balanço. Ativos e passivos. Casas, carros e dinheiro no banco? Dividas, financiamentos e débitos? Se estiver viva até a meia-noite de 31 de dezembro o saldo final será positivo de qualquer forma. A vida que um dia nos será tirada é o valor maior . E se pesarmos bem. O único. Por pior que tenha sido e por mais esperança que eu tenha no futuro, não vou maldizer esse ano, tampouco bajular o próximo. Tenho sido tomada por uma estranha relação com o tempo. Como se todos os tempos acontecessem ao mesmo tempo. Um modificando o outro continuamente. Até mesmo o passado pra mim não é mais estático. O corpo é limitado. Mas o vale a pena é como o de Fernando Pessoa. Alma gigantesca. Alma quase infinita. O sol de cada manhã, a resignação de toda tarde. A solidão de cada noite. Enfrentar tudo que se coloca a nossa frente, sem jamais desistir. É preciso ter carinho, mas também é necessário ser selvagem. Ao mundo não há remédio. Haverá sempre desigualdade, mortes, assassinatos e crimes hediondos em qualquer ano e época. Mas cá aqui dentro, para todo veneno há um antídoto. Mais um grão na ampulheta. O ano que acaba vai se tornando memória. 2009 é como um filho que vai nascer. E sua gestação durou os 12 meses de 2008.

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sábado, 27 de dezembro de 2008

2000 i nove...


Dentro de alguns dias estaremos no último dia do ano de 2008... e depois da meia-noite, virá o Ano Novo... O engraçado é que - teoricamente - continua tudo igual... Ainda seremos os mesmos. Ainda teremos os mesmos amigos. Alguns o mesmo emprego. O mesmo parceiro(a). As mesmas dívidas (emocionais e/ou financeiras) . Ainda seremos fruto das escolhas que fizemos durante a vida. Ainda seremos as mesmas pessoas que fomos este ano... A diferença, a sutil diferença, é que quando o relógio nos avisar que é meia-noite, do dia 31 de dezembro de 2008, teremos um ano IN-TEI-RI-NHO pela frente! Um ano novinho em folha! Como uma página de papel em branco, esperando pelo que iremos escrever. Um ano para começarmos o que ainda não tivemos força de vontade, coragem ou fé... Um ano para perdoarmos um erro, um ano para sermos perdoados dos nossos... 366 dias para fazermos o que quisermos... Sempre há uma escolha... E, exatamente por isso, eu desejo que vocês façam as melhores escolhas que puderem. Desejo que sorriam o máximo que puderem. Cantem a música que quiserem. Beijem muito! Amem mais! Abracem bem apertado! Durmam com os anjos. Sejam protegidos por eles. Agradeçam por estarem vivos e terem sempre mais uma chance para recomeçar. Agradeçam as suas escolhas, pois certas ou não, elas são suas. E ninguém pode ou deve questioná-las. Quero agradecer aos amigos que eu tenho. Aos que me 'acompanham' desde muito tempo. Aos que eu fiz este ano. Aos que eu escrevo pouco, mas lembro muito. Aos que eu escrevo muito e falo pouco. Aos que moram longe e não vejo tanto quanto gostaria. Aos que moram perto e eu vejo sempre. Aos que me 'seguram', quando penso que vou cair. Aos que eu dou a mão, quando me pedem ou quando me parecem um pouco perdidos. Aos que ganham e perdem. Aos que me parecem fortes e aos que realmente são. Aos que me parecem anjos, mas estão aqui e me dão a certeza de que este mundo é mesmo divino. Muito obrigado por fazerem parte da minha história!!! Espero que 2009 seja um ano bem mais feliz, amoroso e próspero para todos vocês! Um beijo bem grande e que em 2009 você faça suas próprias escolhas e seja muito feliz!!! Desejo o necessário e fundamental para que vocês sejam MUITO FELIZES!!!

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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

A arte de dar presentes...


Eu gosto muito de dar significação às coisas, atribuir sentidos profundos a elas. Acho que há sempre um sentido em qualquer ato que desempenhamos. E dar presentes é um desses atos revestidos de importância e de muitas interpretações. Acredito que há sempre uma motivação consciente ou inconsciente quando você presenteia alguém. Aliás presentear embora pareça simples, é uma arte. Porque agradar as pessoas é uma das coisas mais complicadas que existem no relacionamento interpessoal. O presente que damos é uma forma de comunicação simbólica, expressamos no ato de presentear nossos sentimentos mais pessoais. Transformam-se pensamentos em objetos, "ele(a) vai gostar de ganhar isto", e amplia-se as funções para as quais eles foram fabricados. O presente representa o que pensamos sobre o presenteado. E ao receber o presente você sente o que o presenteador quer te dizer. Pode ser afeto, desrespeito ou até mesmo demonstração de poder. A sensação é instantânea, logo após abrirmos o pacote. Por exemplo, para os chineses ir a uma festa e dar um relógio de presente pode significar que o convidado está desejando a morte do anfitrião. Dizem que presentear uma mulher com uma jóia mensura o quanto ela vale para um homem. Embora o valor não deva ser proporcional a consideração, temos nossas limitações financeiras, no mundo capitalista as coisas custam dinheiro e quanto maior valor agregado elas possuam mais caras elas são. Dessa maneira as pessoas tendem a associar infantilmente o preço a importância que se tem. O segredo é sempre encantar e surpreender com o mimo oferecido. O agrado certamente vai fazer a pessoa se sentir lembrada e querida. E a retribuição acontecerá naturalmente. Em tempos de Natal à troca de presentes entre as pessoas são uma das formas de sua celebração. São uma reprodução dos presentes que os três reis magos, Melchior, Baltazar e Gaspar, que visitaram Jesus após seu nascimento ofereceram ouro, incenso e mirra. Mas se pudermos nos entender bem com o tempo e não deixarmos que ele nos destrua, teremos a eternidade a nossa disposição para exercer a sabedoria que acumulamos nessa correria toda.
FELIZ NATAL A TODOS!!!...(¨,)

domingo, 21 de dezembro de 2008

Os braços de meu avô...


Haverá lugar mais seguro no mundo, do que foi os braços de meu avô? Haverá abraço mais forte, presença mais certa, do que a certeza de meu avô? Depois de partir tantas vezes, depois de lutar tantas vezes, haverá outro lar para onde eu possa voltar, senão para a mansão do coração de meu avô? Haverá professor mais dedicado, conselheiro mais sábio do que este? Haverá olhos mais zelosos, ouvidos mais atentos, lágrimas mais sentidas, sorrisos mais serenos do que os Dele? Existirá mais alguém no mundo que lute por mim como Ele o fez? Que se esqueça de suas necessidades pensando nas minhas? Que esteja lá, em qualquer lugar, a qualquer hora, por sua única neta? Existirá mais alguém no mundo que renuncie a seus sonhos pessoais por mim, e que chegue até a tornar os meus sonhares os seus próprios, por muito ter me amado, e por muito querer me ver feliz? Existirá alguém? Raros são os corações como o dele. Raro como a chuva durante a estiagem. Raro como o sol nas noites eternas dos pólos terrenos. Sinto muito a sua falta perto de mim, principalmente em 24/12 que era o dia de seu aniversário.

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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Meu caminho é cada manhã...


Não é por acaso que escolhi "meu caminhar" para me representar, os passos que dou são os acontecimentos da minha vida, os resultados do meu livre-arbítrio exercido. E nessa descrição há certa dose de serenidade e de loucura. A serenidade vem do coração, ferido, das inseguranças, dos traumas que acumulamos, mas que no fim superamos e criamos alicerces firmes para suportar as forças da natureza e do destino que interferem na nossa marcha. A loucura vem da alma, de algum lugar dela, da necessidade de não ser normal, de não ser automático, de transcender, de ter muitos corações, de escrever sem limites. Criar personagens para si mesmo, viver muitas vidas, para si, para todos, para sempre. Caminhos, compassos, com passos de passos passados. Caminho por carinho, nem sempre sozinha, passo apressado, passo em passeio, passo a passo. Vida de passos, passagens, ciclos, passos futuros, passos presentes e passos passados. Meu caminho é cada manhã, meu destino é de alguém, minha fraqueza é ter medo, meu dom é querer bem.
"Caminhante, são teus rastros na areia? Caminhante não há caminho porque o caminho a gente o faz ao caminhar.E de tanto trilhar caminho e caminhante são os mesmos.Ao andar faz-se o caminho, e ao olhar-se para trás vê-se a senda que jamais se há-de voltar a pisar. Caminhante para onde vamos? Caminhante, não há caminho, siga as espumas branquinhas do mar elas vão te guiar..."

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Promessas e desejos de final de ano...


A cada ano que passa, todos nos voltamos para uma reflexão sobre o que fizemos e planejarmos algumas de nossas realizações no ano que se inicia. Não são raras as vezes que, com toda a boa vontade do mundo, dedicamos os primeiros minutos das primeiras horas do dia de ano novo para enumerarmos mentalmente as nossas promessas. Tudo o que desejamos concretizar, de importante, passa rapidamente pelas nossas mentes e parece que, a grande maioria delas, não permanece por mais do que esses poucos momentos em nossa preocupação. Assim que passam os primeiros dias do ano, com eles se vai toda a nossa enorme vontade de exercer mudanças significativas em nossas vidas. Tudo, então, volta a ter seu espaço ou não, dependendo de nossa enorme vontade real de concretizar. Porém, se isso é assim tão comum, de que valem as horas que ficamos selecionando as tais prioridades? Chego a ter a sensação de que, nesta época, fica ainda mais difícil tentar encontrar respostas aos nossos desejos mais simples. Quem não se viu, muitas vezes, desconsertado ao desejar um feliz ano novo a alguém que, rapidamente respondeu que nada muda no ano novo a não ser o próprio ano? Que tudo não passa de uma simples data, estabelecida em determinada sociedade, para medir o tempo? Mas se é uma data estabelecida então não deixa de ser um marco e para que servem os marcos se não para que busquemos, através deles, estabelecer mudanças ou, ao menos, pensarmos nelas com maior seriedade? Pensando desta forma, prometi a mim mesma que ninguém irá me tirar a vontade de modificar alguma coisa neste novo ano que se iniciará. Que fiquem muito bravos aqueles que julgam que nada muda e que tudo é um simples passar do tempo como em qualquer dia comum. Tenho feito planos que desejo colocar em prática e não vou permitir que sejam considerados tolos por quem quer que seja. São meus e eu os quero realizados, plenos, vivos, intensos. Quero sentir a vida e não apenas passar por ela. Vou cuidar para que, nesta passagem de ano, eu não me esqueça de nada importante só porque tenho muito a lamentar pelo que deixei de fazer. Quero esquecer o que não deu certo e olhar bem para o que está logo ali a minha espera de fazer acontecer. Quero deixar de lado os medos, a desconfiança, o sorriso contido, o talvez amanhã, para ir de encontro à vida e tudo o que ela pode me oferecer de bom. Vou ter todo o cuidado de não esquecer nenhum detalhe e, de preferência, de inaugurar uma nova agenda onde vou colocar todas essas minhas vontades, projetos e planos. Nada de mirabolante ou que exija um milagre divino para que se concretize. Apenas coisas simples, que eu possa trabalhar para que aconteçam se eu me empenhar realmente. Tenho certeza de que, depois de todas as metas estabelecidas poderei buscar as diferentes formas pelas quais irei orientar minhas ações em direção a elas. A mais importante delas, com certeza, será a busca pela melhoria constante das relações humanas. Estas, pra mim, serão prioridade absoluta. Sem perder muito tempo com esses pequenos desencontros que fatalmente acontecem e que não podem nos fazer desacreditar no afeto, no carinho, no aconchego de um amor em qualquer dimensão. Quero ampliar a minha forma de interagir com as pessoas, sentir mais, conhecer mais, buscar novas formas de conviver, trocar e compreender. Uma vez que eu sinta que o meu desejo é real e que irá me trazer a sensação de vida plena, então não terei a menor dificuldade em, ao final do ano, quando o relógio marcar as zero horas do primeiro dia de 2007, fazer qualquer uma das pequenas coisas que tantos acreditam trazer sorte e outros têm a certeza de que são meras bobagens, como pular ondas, comer uvas ou sementes de romã, cantar a tão conhecida canção de ano novo, trocar aquele dente de alho que deixei bem embrulhado na carteira, ao final do ano passado, ou começar a colocar um a partir deste ano, abraçar as pessoas que eu amo e que estiverem ao meu lado, pensar com carinho naquelas que estão distantes mas que eu amo também, usar roupa branca ou de qualquer cor que me faça sentir-me preparada para um reinício realmente brilhante e repleto de felicidade, rumo às minhas realizações e depois, buscar na energia que vem deste universo maravilhoso, aquela que eu preciso para continuar acreditando que sempre vale a pena, quando existe vontade de fazer acontecer. A todos aqueles que me fazem acreditar e sentir essa energia, eu desejo um Natal e um ano novo repleto de realizações, carinho e felicidade! São os votos de alguém que faz parte deste seu mundo, mesmo virtual.

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domingo, 7 de dezembro de 2008

O mundo não é maternal...


É bom ter mãe quando se é criança, e também é bom quando se é adulto. Quando se é adolescente a gente pensa que viveria melhor sem ela, mas é um erro de cálculo. Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco. O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passando fome. Não liga se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos. O mundo quer defender o seu, não o nosso. O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro. Quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividados por vinte anos. O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência e estoure o cartão de crédito. Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, com os nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba. O mundo nos olha superficialmente. Não consegue enxergar através. Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos para enfeitar ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta. O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa. O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir. O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego. Para o mundo, quem menos corre, voa. Quem não se comunica se estrumbica. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. O mundo não quer saber de indivíduos, e sim de slogans e estatísticas. Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta: exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção. Sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto que o mundo propriamente dito exige eficiência máxima, seleciona os mais bem-dotados e cobra caro pelo seu tempo. Mãe é de graça.

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sábado, 6 de dezembro de 2008

Saudade...


Somos tão pequenos. Somos grãos na humanidade. Mas mesmo assim, esse grão é um pequeno mundo único, singular. E, como grão que somos, enfrentamos tempestades, encontramos dunas seguras, vivemos a solidão no meio de grandes desertos compostos por milhões, milhares de milhões de grãos. Já senti tanta coisa, já vivi tanta coisa... Muito mais que alguns, muito menos que outros. Mas o que interessa? Sou eu, aqui, neste singular plural e, apesar de saber comunicar e interagir com o mundo (nem sempre da melhor maneira, eu sei), só eu sei quem sou, o que sinto, o que vejo, o que vivo. Só eu sei o que é sorrir e chorar, o que é lembrar, em mim. E como me lembro... Faço da memória porto de abrigo. Apelo a um certo saudosismo para me lembrar de mim, noutros anos, noutros mundos, noutras vidas. Se o mundo me magoou, se me esqueceu, se me excluiu... Nada disso, neste preciso momento, me importa. Sei agora que ser feliz é tão fácil. Difícil é chegar lá. Mas, é como tudo. É tão fácil estar no pleno, atingir objetivos, mas é tão difícil talhar caminhos. Talvez tudo isto seja desconexo, mas quem disse que a alma é uma só verdade, uma só frase? As incertezas, os apontamentos, as divagações... Todas elas nos levam a algum lado. Todas elas compõem o “eu”. No fundo, tenho saudades do passado e esperança no futuro. São as minhas bases. E, sei bem, não tenho magoas do passado nem medo do futuro.

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quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A defesa da poetisa...


Eu tento me amar, eu tento desesperadamente me amar, me querer, me desejar, eu tento me amar por tudo que sou. Mas acabo me odiando no momento seguinte pelo o que eu poderia ter sido. Eu quero me amar por de trás de todas as aparências, eu quero me amar pelas minhas virtudes, eu quero esquecer das minhas faltas porque sei que luto por acertar nas próximas oportunidades. Eu quero me amar não fisicamente, porque sei que não é o meu físico, mas a minha alma que é a verdadeira beleza de um ser. Eu quero me amar pelos meus sonhos inúteis, pelas minhas esperanças tolas. Eu quero me amar para não me afogar nessa mar de equívocos. Eu sou poetisa e sofro por sê-la porque somos seres inconformados, temos o espirito todo marcado, alguns de nós tem feridas na alma, choramos rios de lágrimas e rimos quilômetros de gargalhadas, vivemos tudo intensamente, dramaticamente, estamos fora de si o tempo todo e quando nos encontramos com nós mesmos escrevemos poemas, desabafos, memórias e esquecimentos. Sendo poetas descobrimos como é ser outra pessoa. Escrevemos porque precisamos respirar e o nosso ar vem dessas inspirações. Eu caminho tentando vencer o mal com o meu bem. E com esse caminho pelo qual a minha alma vem em minha fronte ostento um sorriso e um choro, sim sou poetisa e digo isso com orgulho.

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domingo, 30 de novembro de 2008

Reflexão...


Eu tenho um dom que não me serve para absolutamente nada: sensatez. Eu consigo ouvir as pessoas e entendê-las profundamente, às vezes até melhor do que elas mesmas, chego ao ponto de conseguir prever as bobagens que farão com base nas ações em curso. Essas coisas somente assentam na cabeça com a maturidade. Não adiante enxergar, entender, mas não sentir o outro e nem saber falar, e muito menos saber quando calar. Na maioria das vezes as pessoas não querem ouvir a verdade sobre si mesmas. Percebo isso na minha própria terapia. Não me importa muito o quê o meu analista fala, mas as conclusões que vamos chegando juntos. Bom, estou falando a maior obviedade, né? Pois é. Ainda hoje eu me revolto e digo exatamente o que é, o que eu vejo, e estou totalmente correta, mas o meu interlocutor não está preparado para ouvir. E isso não serve de nada, e apenas agride. ---- E não adianta negar: o tempo me dá razão. Em relação a mim mesma eu tinha um outro problema. Eu não conseguia me enxergar. Sabe médico que não consegue curar a si mesmo? Agora a coisa evoluiu para eu conseguir me ver, consigo entender um monte de coisas, mas está difícil de atuar. Nunca poderia ser minha própria terapeuta. Isso não funciona. É como o espelho retrovisor de um carro: sempre haverá ponto cego. Por outro lado eu consigo saber o correto a fazer, eu sei o curso correto de ação, sei os problemas de maneira fria e distanciada. Mas tantas vezes eu me sinto amarrada. Eu não deixo de gostar de uma pessoa por que ela tem defeitos, na verdade tolerar os defeitos é que faz o gostar. Eu normalmente os enxergo, e sempre enxerguei, então mesmo quando os coloco na mesa há um enorme afeto! Quem não tem defeitos? Quem não tem problemas? Quem não passa cego por questões doloridas e complicadas? A vida é difícil e é mais simples ver os outros do que o nosso próprio rabo, e este clichê é muito sábio e inescapável. Há solidariedade em aceitar isso e não fraqueza, paternalismo ou sei lá o quê, pois a minha aceitação não inclui ser leniente. Reconheço a humanidade mais vibrante nas nossas fraquezas, na nossa falibilidade, nos desejos inconfessáveis e tantas vezes pouco honestos. E a grandeza está em assumir isso tudo e tentar ir além, ficar bem, melhorar mantendo a consciência, sem se achar feio ou mais vil num mundo de semideuses. Arre, estou farta de semideuses!!!! Eis que costumo gostar de pessoas e não dos diplomas que elas tem, e nem da classe social delas, muito menos do dinheiro ou do lugar onde elas moram. Posso ter pessoas queridas morando em favela ou em bairro chique e para mim todas são muito próximas e eu transito muito bem. Meu olhar me leva para mais perto delas do que a superfície mostra, vejo suas qualidades e seus defeitos e eu gosto a partir daí. Chamo isso de sensatez, pois é a atitude mais equilibrada que conheço, mais livre e ao mesmo tempo mais racional. Algo que tempera a minha intensidade da alma. Acaba que sou boa conselheira (menos para mim mesma!!!), sou uma boa mãe e amiga dos meus amigos...sensatamente eu sei que sou um poço de defeitos e não obrigo ninguém a viver com eles. Ser capaz de olhar, de ver, de enxergar. Meu dom, o grande motor da minha vida e minha maldição. Tantas vezes não me serviu para absolutamente nada. Tantas vezes me permitiu dar saltos de fé no futuro, estranhamente racionais. Ver, entender, saber. Falar. Amar. Ah, se eu conseguisse colocar isso tudo a meu favor.

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sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Caminhar...


Caminhe do meu lado por estas estradas que me levam nem sei bem para onde. Acompanhe-me sempre bem de perto e guie-me por este nevoeiro que não se dissipa.. Nunca! Afaste com o teu sorriso as nuvens que escondem o sol... Transforme, com uma simples caricia em meu rosto as lágrimas que caem, em chuva miudinha, daquelas que mata a sede da natureza e deixa tudo mais verde, com mais esperança, sabe? Com cheiro de primavera! Olhe-me nos olhos e, com o brilho do teu olhar, pinte os tons do arco-íris e faz de tudo o que nos rodeia um quadro de mil e uma cores. Segure a minha mão. Vem... E leve-me contigo para um sonho teu. Devolva-me a magia perdida e faz-me nascer denovo para a poesia da vida..Entrelace teus dedos nos meus e aperte-os com força. Não permita que a esperança escape por entre os meus dedos, deixando de novo minhas mãos frias e vazias... Dê-me a tua mão... Invente um sonho para mim e prenda-me num abraço eterno e infinito onde eu possa finalmente descansar... E sonhar! Guie meus pensamentos para o mundo mágico das emoções e, nele, segure-me em teus braços numa dança suave feita dos mais doces sons e sob os mais variados tons, embale-me na melodia de uma canção há muito esquecida, que teima em trazer saudade. Percorra comigo o caminho da razão sem razão, da lógica sem lógica; mas dos sentidos cheios de sentidos. Desnude o meu sentir, a minha dor, a minha alma.. Tente me entender sempree complete-me para que num instante, eu encontre o meu caminho... Porque só no encontro das almas e na troca de carinhos é que a vida se torna vida... E se faz!"Dê-me a tua mão e arranque com ela esta agonia que eu levo no peito, porque só deste jeito eu poderei tocar tua alma...."

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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Bolhas, meninas e nuvens...


Ei, psiu! Olha aqui! Vem cá! Desfaça essa cara amarrada e me encontra lá. Lá onde? Ora onde! Ali, lá, bem aqui... pertinho! Naquela nuvem! Qual? A branquinha? Ah, não! A outra, ao lado. Aquela! Aquela cor-de-rosa que guarda um segredo lilás e uma verdade toda azul. Aquela que de dia brinca com o sol e de noite vira estrela? Isso! Essa mesmo! Já esteve lá? Estive! Mas, já não sei como voltar... Esqueci como se chega até ela... É fácil, vem cá que eu te ensino, é só dobrar a esquina e seguir em frente toda vida pelo céu dos teus sonhos. Ou, querendo, você pode simplesmente fechar os olhos, ou ainda, pegar carona com a primeira bolha de sabão que passar. Dizem que ela as assopra o tempo todo. Ela quem? A menina! Aquela? É... aquela! Mas, quem dizem? Eles, oras! Eles quem? Os anjos que moram naquela nuvem. Dizem o que mesmo? Que aquela menina não se cansa de soprar bolinhas de sabão na esperança que você não perca a próxima que passar, e veja, e volte, e venha... Eu nunca quis... O quê? Perdê-la... Então, vem que ela continua lá esperando por você! Mas, você tem que ser ágil porque elas(as bolinhas de sabão!) duram o momento exato de um sorriso e podem vir acompanhadas da realização de um pedido, e há quem diga que estão sempre ao alcance das mãos, porém, há de se saber enxergá-las, e tocá-las, e retê-las, e deixar-se levar! E quanto tempo dura um sorriso? Ah, isso depende de quem o recebe. De como é sentido. Para alguns pode durar a eternidade de um instante, para outros a brevidade de tudo que poderia ser eterno e não foi... (nem perceberam). Hum... e, quando vêm acompanhadas? Do pedido que se realiza? É! Quando você sorri sem pretensões.

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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Jogo da Luz...


No jogo da luz há os que são conhecidos como iluminados, tem o brilho cercando seu corpo, uma aura cintila ao redor de seus contornos. Do outro lado estão os sombrios, obscuros , a sombra e a escuridão permeiam o seu mundo interno. Sombrios e iluminados lutam um contra o outro, mas não sabem, suas batalhas são no campo invisível, medem forças numa dimensão além da nossa visão. Um sombrio pode se tornar um iluminado e o contrário também é verdadeiro, eles não são um exercito fixo, os iluminados podem perder sua luz e os sombrios podem se iluminar. Dessa forma, no jogo da luz, todos temos que estar atentos, vigilantes, prevenidos quanto à possibilidade de sermos dragados para o pior dos lados. Um sombrio parece com um iluminado por fora, você só descobre quem ele realmente é convivendo, a sombra dele, oculta , se expõe discretamente .Num piscar de olhos o espectro negro se mostra. Um iluminado não parece ser sombrio, tão pouco é aparente o seu brilho, aos poucos a luz dele vai se revelando espontaneamente, sua força provem dos sóis, dos corpos celestes que emitem radiação. Os sombrios lutam pela perpetuação das aparências, da obscuridade, da escuridão que atraem nossa substancia deprimida, estressada, são parte do jogo, do equilíbrio do universo. Os iluminados são os que brilham, mas nem sempre são vistos, os que vieram para ajudar, a luz está com quem se torna sensível a ela, “iluminar, iluminar sempre, iluminar tudo, iluminar todos, apenas iluminar , esse é o meu lema, é o do Sol”. Porém no jogo da luz não podemos ter certeza de nada, pois nós nunca sabemos de que lado estamos.

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terça-feira, 25 de novembro de 2008

Décadas perdidas...


Eu consigo enxergar no cerne pavoroso dessa recentíssima crise mundial a face fiel da ganância dos homens dos dias atuais. É a selvageria inóspita aos que costumam gritar o já famoso “salve-se quem puder”. Parece que, nesse clima, ficar rico é a idéia mais densamente aceita, independente dos meios usados para se obter esse fim. Creio que nunca foi tão urgente criar-se uma ordem sócio-política nova, onde possamos encontrar menos vícios e mais atos zelosos do ponto de vista ético e moral. Deixamos de fazer muitas coisas boas entretidos com o ranço desse modelo que desenhamos e usamos nas últimas duas décadas – quiçá três. O passado que vivemos nos mostrou o sensato e o nem tanto. Escolhemos um modelo desumano para vivermos. O homem ficou à margem do lucro e do enriquecimento; o bicho-homem alimentou a ganância em um desembestado gesto de apego ao supérfluo e pouco entendível pelos justos e marginalizados pelo sistema mundial do lucro. A verdade jamais poderá morrer diante da fantasia dos exagerados que, sem nada terem feito de substancioso, cobram aos berros o que nem sabem nem podem. Há uma crise dentro de outra. A globalização chegou e não nos preparou para saborearmos seus frutos amargos. Quando a percebemos, já estávamos contaminados. Será que toda essa crise não será mais política do que realmente comercial? Os mesmos que a constroem a destroem. Quando ela nasce, logo em seguida já se sabe qual é o seu antídoto, como se pronto ele estivesse para ser usado quando os economistas resolvessem fomentar a anticrise. Fala-se em crédito como se esse possuísse identidade física e endereço conhecido. O homem se apequena tanto diante dele que é mais fácil para nós consumidores ouvir cada vez mais do que sequer falar uma palavra. As amarras do tom crísico são fenomenais, rudes e apavoradoras. A maior crise mundial é a falta de alimentos, empregos e vergonha na cara. O dinheiro tem servido irresponsavelmente a Estados e bandidos. O crédito tem de ser tomado a todo custo, faroleado pela voracidade midiática e, muitas vezes, pela desatenção dos consumidores. O mundo está faccionado, e cada pedaço dele contribui com um pedaço da crise global. A usura tem extraído além da conta as riquezas do subsolo. A terra é provocada quimicamente a produzir cada vez mais. Os famintos se multiplicam, e os gananciosos, esquivando-se de qualquer responsabilidade, apenas pensam no comércio e nos lucros. Enquanto isso, o homem pára de sonhar e torna-se um alvo fatídico dessa crise bestial e desnecessária para os que almejam viver bem. A crise está dentro de cada um de nós isoladamente. Quando nos ajuntamos ela se revigora e abunda pesadelos em nossa convivência diária. Estamos descarrilados, perdendo o referencial familiar e desumanizando-nos. Há um homem que constrói a crise e o outro que a lamenta e chora. Carecemos repensar valores, reconstruir o mundo, redimensionar nossos desejos e reaprender a sonhar. Já é tarde para muitas coisas, mas não para todas elas. Apenas o reolhar não nos bastará. Carecemos de fôlego novo, idéias despoluídas e uma vontade sã. Há um homem dentro de nós que está a perder-se e um outro nem tão distante que pode ainda ser achado. Quando resolvermos a crise de cada um de nós, a crise de todos estará então resolvida.
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sábado, 22 de novembro de 2008

Vida vazia...


Muitas vezes achamos a vida vazia e ruim por demais. Amyr Klink disse "um dia é preciso parar de sonhar, tirar os planos da gaveta e, de algum modo, começar." Mas como começar? Começar não é tão simples. Precisamos mudar para começar. E a mudança sempre implica uma perda. Temos que abdicar de algo para mudar, para fazer um novo começo. Começos exigem preparação psicológica. Começos e mudanças assustam. Não basta ter um plano, foco, projeto, sonho. Tem que ter vontade também. E força de vontade. Energia. Força interior e coragem. Acho que a palavra-chave é coragem. Arregaçar as mangas e dizer pra si mesmo "vou encarar". Não basta querer.Dizem que querer é poder. Não concordo. Vontade não é tudo, é importante, fundamental, uns 30%. Mas não basta. É somente um passo. O resto é coragem. Quando a vida está vazia e ruim por demais, vemos os defeitos, os contras e os erros. Enxergamos com clareza o que está fora do padrão. Fora de esquadro. E pra dar a volta por cima? Mudar? Modificar?Transcender? Não é fácil. É um trabalho árduo e, por vezes, doloroso. Vem de dentro. É um "click". Dá um click-interno.Um belo dia algo dá uma sacudida dentro de nós, é uma espécie de remexida...renascimento. Temos que parar. Muitas vezes temos que morrer. Morrer e renascer. Vida vazia e ruim não me basta. Quero v-i-d-a. Viver é jogar, apostar...sem saber se iremos ganhar ou perder. É sonhar. Acordar. Dormir. Mudar. Renascer todos os dias. Morrer. Parar. Continuar. Relembrar. Mas, principalmente, viver é ter coragem.
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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Cada um com seus problemas...


Na primeira vez em que ouvi alguém falar “cada um com seus problemas”, confesso que achei o termo muito agressivo. Como sou uma pessoa muito preocupada com o bem estar dos outros e sempre disponível para ajudar, não poderia achar correto alguém se fixar em si mesmo deixando o resto do mundo de lado. Porém, com o passar do tempo observando as atitudes das pessoas e as minhas próprias fui entendendo o lado positivo desse pensamento. Claro que no caminho espiritual aprendemos que devemos nos abrir ao amor, estender as mãos para as pessoas, ajudar o próximo, cuidar daqueles que estão à nossa volta, mas ainda assim precisamos saber o limite de nossas ações. Porque ajudar sem ser chamado, rapidamente nos transforma de bonzinhos em intrometidos. Saímos da sintonia de pessoas bem intencionadas e assumimos um ar inconveniente. Precisamos saber dos nossos limites e aprender a respeitar os das pessoas. Falar demais não ajuda em nada, mas manter o silêncio em momentos em que as pessoas esperam uma opinião ou atitude nossa também não é bom. Uma atitude sábia e amorosa é dar tempo ao tempo, mas ainda assim nos mantendo presentes e solícitos. E essa atitude consciente só é possível quando temos uma boa dose de autoconhecimento. Aliás, o autoconhecimento é o mais poderoso instrumento de cura na caminhada para uma vida melhor. Quem se conhece não fica implorando por carinho tentando agradar a todos e constantemente sofrendo com o descaso das pessoas. Porque muitas vezes pessoas carentes fazem tudo pelos outros, se humilham na tentativa de ganhar o afeto e o respeito do outro. Depois, quando a relação balança ou termina se sentem humilhados, traídos e usados. Fazer o quê senão mudar de atitudes? Parece simples, mas não é, porque são processos inconscientes. As pessoas não sabem que estão se excedendo, amando demais, compreendendo demais, ajudando a família sem respeitar seus próprios limites. Assim, fica claro que não adianta dar palpites. Faça o que precisa ser feito e deixe de lado a autopiedade e recriminações exageradas. Se você não pode mudar o mundo, mude você mesmo...(¨,)

Sensações...


Ando emotiva, tenho falado em lágrimas. Insisto, perceba, que não são lágrimas ruins. Mas ando emotiva, emotiva, emotiva. Descubro, através de intensas reflexões solitárias, que não ando, corro ou pulo, eu sou. Movida por coisas sem nome, cor ou definição, apesar de gostar de coloridices, de batizar palavras, de viver inventando expressões ou coisa parecida. Mais do que uma fase, a palavra emotiva traz consigo um significado que ultrapassa definições exatas de dicionários, afinal, quer palavra menos exata do que essa? São três as coisas que mais gosto na vida: cinema, livro e abraço. Eu gosto até de filme ruim, desde que seja filme, não sei se você me entende. Livro ruim eu desisto no meio, mas logo pego outro, não perco a esperança de encontrar bons livros. E eles existem, aos montes. Todo mundo tem um livro preferido e o famoso filme-da-vida. Qual é o da sua? O da minha é cheio de abraços (e que sejam sinceros, por favor!). Estou um pouco cansada da falta de verdade, daquele sorriso-obrigatório-social-aterrorizante-e-burocrático, vamos, você precisa ir e sorrir e fingir que tudo está bem e muito bem e tudo bem, pois você adora aquele lugar, seja ele qual for, seja você quem for eu repito: não faça isso, não entre nesse barco todo remendado que é o social-obrigatório-tenho-que-ir-e-dar-abracinhos-moles, não está nada bem, não. Não!, você tem que abraçar com gosto, aperto, vontade, tem que sentir o corpo do outro, cada mudança de temperatura, cada alteração, alternação, cada pêlo, marca, sinal, mancha, cicatriz, hematoma, corte, arranhão. Sentir o cheiro de perfume, desodorante, cheiro de passado, de sono, de cansaço, de fé, de lembranças, cheiro de cerveja, de amaciante Fofo, cheiro de molho de tomate, de cigarro, de shampoo, de gel no cabelo, cheiro de vida que está renovada, estragada ou revoltada, mas viva. Viva, no sentido amplo e infinito da palavra. Você pode estar num momento difícil, de transição, de perder-se em si mesmo, de fazer projeções e transferências de maneira inadequada, você pode estar em alfa, zen, em um dia nervoso, patético, calmo, em um dia comum, em um dia cheio de novidades, você pode estar passando por um momento mais difícil do que o da primeira linha, uma fase de achar-se em si mesmo, largar-se na vida, momento egoísta, intimista, altruísta, nazista, todos os istas estão lá, esperando você decidir que momento é este, qual momento será o próximo? Independente de tudo, tempo, situação, ganho, perda ou até mesmo alucinação, não consigo perder a capacidade de ser emotiva. Não, não pense que é sempre bom, não sou a-toda-boa, a toda alegre o tempo todo, a toda amorosa constantemente. Eu sou estranha, tenho gestos e pensamentos e encanações e neuras e filosofias viajantes e temperamento salgado e toda uma série de e's que não consigo ajustar aqui, agora, pra você, talvez por não saber ajustá-los nem pra mim. Mas deixa isso tudo pra lá, eu e a minha estranhice, estranheza, estranhagem, estranhamento, estranhação. Estranha ação. É isso aí, sou cheia de estranhas ações. Uma delas é tentar explicar o sentido de uma coisa que nem sentido faz. Vou tentar de novo. Ando emotiva, é isso que tento dizer pra você.

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domingo, 16 de novembro de 2008

Os “Zés Ruelas” também sentem saudades...


A língua portuguesa culta é extremamente elegante, tem palavras belíssimas como , obséquio, pudica, virtuoso e condescendência.Mas nem todos nós falamos de forma culta o tempo todo, porque convenhamos é muito chato. Passa uma certa arrogância em certos ambientes. É lógico que devemos falar corretamente, mas existe uma certa flexibilidade de acordo com o espaço e as pessoas que nele estão. Por isso um dos recursos da linguagem informal muito comum é a gíria. Falar somente na Gíria não é muito bonito, ao contrário de falar apenas formalmente, falar unicamente na gíria transmite uma outra mensagem. O uso excessivo da gíria é como se fosse um código, uma linguagem própria, uma demonstração de poder, de malandragem e traquejo. Lembro que na minha infância brincava de língua do P: P Pvo Pce Pvai Pna Pes pco Plaho Pje? Para cada sílaba usava-se a letra p na frente. Era divertidíssimo! Um outro uso da gíria é quando ela é usada para se fazer humor ou para tirar sarro. E cada época teve suas gírias, que já foram : “Sacou”, “é uma brasa mora”, “Gosto de tal coisa pacas “Podes crer”. Hoje são expressões como: “É ruim heim”, “Tá ligado”,”é nóis”, “Demorô”, “E aí véio?”, “ Sangue bom”, “É novas” e “ Zé Ruela”. A idéia é sempre fazer gracinha. Aliás o que é um Zé Ruela? Pode se traduzir por uma pessoa sem ação, incapaz de sair de qualquer situação que apresente alguma dificuldade; o mesmo que “ bunda-mole”, panaca, bocó, meio lento, ingênuo, que os outros se aproveitam dele, tirando-lhe sarro, um “coco, xixi”, Mané, goiaba, tonto .A lista é imensa e o número de Zé Ruelas no mundo, quase infinito. Na verdade a expressão original é “Zé Arruela”. É um pejorativo, inventado, certamente, no meio relacionado com mecânica. “Zé Arruela” deve estar relacionado com o cara meio lento, e ingênuo.Arruela é uma rodinha, uma chapinha de aço com um furo no meio, que serve de pressão entre a porca e a base onde será aplicado o parafuso. O parafuso é colocado e enroscado no buraquinho da arruela e da porca. Bom, a expressão Zé Ruela é engraçada, mas não algo exatamente bonito .Para encontrar a palavra mais bela foi feita uma pesquisa para saber quais eram as palavras mais bonitas do mundo, em todas as línguas. Lingüistas do mundo todo durante um seminário analisaram a musicalidade e o significado das palavras para escolher quais tinham o melhor conjunto e chegaram a seguinte lista:

O número um da lista é a palavra turca YAKAMOZ que significa: reflexo da lua na água.
O significa é bem bonito, mas ainda não sei falar turco e não tenho a mínima idéia dessa pronuncia, de forma que não sei qual a musicalidade que a fez ser a palavra mais bonita do mundo!
Em 2.º lugar: hu lu
: dormir, respirando profundamente (ressonar?) – China.
Em terceiro foi escolhida Volongoto: caótico; de uma língua africana regional do Uganda.
Quarto lugar: oppholdsvaer: a luz do dia depois da chuva; Noruega.
Chega-se à 5.ª classificada: madala: graças a Deus
; língua africana Hausa.
Em 6.º lugar: saudade: traduziram apenas como nostalgia; BRASIL .


“A saudade é um lago transparente a refletir sempre a imagem da pessoa ausente.”...(¨,)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Antes que o amor acabe...


Todos querem chegar logo em casa, querem alcançar depressa o objetivo, bater suas metas, atingir imediatamente o seu alvo. Há pressa, há urgência, tudo tem que ser para ontem. Por isso é preciso amar rapidamente, tem que ser veloz o sentimento. Antes que o amor acabe. Sim porque o amor, posto que é chama, tem se apagado com mais facilidade, tem visto sua eternidade cada vez durar menos tempo. Antes o casamento era uma instituição sólida, era a fundação de uma família, de um reino formado pelos filhos, marido e esposa. Agora as pessoas se casam hoje para se separar amanhã. Não que tenhamos que ser prisioneiros de uma relação infeliz, mas é preciso saber que frustração também faz parte da vida. Há o que dê certo, mas há o que dá errado também. Dostoievsky, um fantástico escritor russo, dizia que amar alguém significa ver essa pessoa como Deus a concebeu. E Deus nos concebe, todos nós, com defeitos e com qualidades. Dentro de um relacionamento não temos como nos esconder, nada nos deixa mais nus do que se relacionar com alguém. Não há como se proteger e a exposição ao amor exibe quem verdadeiramente somos. O matrimonio é a confirmação que queremos ser conhecidos em toda nossa plenitude. E que queremos saber o que existe na alma com quem aceitamos nos comprometer e viver sob o mesmo teto. Antes que o amor acabe, antes que o sim vire não, é preciso virar do avesso o próprio coração e ter certeza que todas as possibilidades foram esgotadas. Que não há mais esperanças de redenção. Porque ainda que o prédio tenha sido derrubado, há sempre uma maneira de começar sua reconstrução.
“O tempo é muito lento para quem espera... muito lento para quem sofre... muito rápido para quem aproveita... mas para quem ama o tempo não existe.”

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

INVEJA: arma dos derrotados...


As pessoas sentem inveja da gente e tentam nos destruir. A cobiça tem sua raiz na terra podre da falta de caráter do outro. É um sentimento de insegurança. Há pessoas de poucas posses que não são invejosas e ricas que têm tudo e estão sempre invejando às outras. Não somos ricos por causa das coisas que possuímos, mas pelo que podemos fazer sem possuí-las. Todos nós temos na alma o sentimento de inveja, mas é o nosso caráter que regula esse ímpeto. E como não acreditar em algo que organize o caos interno que é a nossa mente, nossa personalidade? Lá fora o universo cósmico precisa de um Deus, pois se ele não existisse tudo seria permitido. E se fosse assim provavelmente nem você nem eu existiríamos.É preciso dominar o ódio, a raiva, não permitir que eles nos dominem quem se conhece vive melhor consigo mesmo e com os outros. Quando somos motivo de inveja podemos ser atingidos por um raio, embora a inveja seja muito mais danosa ao invejoso. A origem latina da palavra inveja é ?invidere? que significa ?não ver?. A inveja cega o invejoso e faz doer seus cotovelos. Quanto mais competitivo é um ambiente mais pessoas invejosas vão existir, ele é fruto do egoísmo.A inveja é um produto social e histórico, sentimento esse arraigado no capitalismo e segundo o darwinismo social, sua origem estaria na auto-preservação e auto-afirmação, a inveja seria a espada dos incompetentes, a arma dos derrotados. Se por um acaso você notar alguém sentindo dores no cotovelo, console-a, dê a ela um pouquinho de gelo e procure mostrar que ela tem suas próprias qualidades, se chegou até aqui é certo que não precisa invejar ninguém...(¨,)

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Por um mundo melhor, Barack Obama...


Barack Obama consagrado o novo presidente dos Estados Unidos da América. É o fim da era Bush e o começo da era Obama. E que todos nós sonhadores ou não, acreditemos que o mundo será um lugar para nós mesmos, nossos filhos e aqueles que vão vir depois de nós. O apocalipse pode estar próximo, mas antes que a terça parte dos pássaros morram e os peixes, e os rios e os mares tornem-se sangue, conheceremos um mundo onde alguém, que simbolizará todos aqueles que um dia foram considerados inferiores, mostrará que ser humano não é só ser forte, com a cútis alva e rico. Ser humano é olhar para o lado e dizer, ?você é meu irmão, seja quem for você.? Tenho na porta do meu armário há muitos e muitos anos uma foto de Martim Luther King e outra de Ghandi porque acredito nos idealistas, porque acredito nos sonhadores, naqueles que são considerados bobos, que não vão conseguir nada se não gritarem, que não vão a lugar nenhum com seus sonhos. Os meus heróis são esses, homens e mulheres que tem coração, que por fora parecem frágeis, como a Madre Tereza de Calcutá, mas que por dentro são gigantes. Não importa a cor de sua pele, a sua religião e o quanto dinheiro tem. Não admiro ninguém por suas posses, mas pelo o que sai de sua boca. Ver Barack Obama tornando-se o primeiro presidente de descendência negra e com crenças muçulmanas parece algo quase surreal, é um tapa na cara dos racistas, ou mais do que isso, é uma rasteira nos preconceituosos, quem queima agora no fogo do ódio são os encapuzados da * Ku Klux Klan ?Eu estou começando com o homem no espelho, Eu estou pedindo a ele para mudar seus modos. E nenhuma mensagem poderia ter sido mais clara:Se você quer fazer do mundo um lugar melhor,Olhe para si mesmo, e então faça uma mudança?.Tenho muita esperança que Barack Obama estabeleça um novo conceito de idéias no mundo, faz tempo que tenho me segurado pra falar nele, mas precisava ter certeza que venceria. A ignorância é a maior doença humana, não são ignorantes os que não estudam, são ignorantes aqueles que sabem, que tiveram oportunidades, mas que ignoram o outro, que só pensam em si, que usam o poder para serem admirados, que se fazem de desentendidos para beneficiar a si mesmos e a todos seus aliados. Para quem já teve oportunidade de conhecer organizações maravilhosas como o Greenpeace que luta pela defesa dos animais e dos ecossistemas ameaçados, pela Gaia( a terra é um organismo vivo) que está agonizando. Os Médicos sem Fronteiras que cuidam da saúde dos povos negligenciados na África e nos lugares mais pobres desses planeta. Estes são heróis que tem como salário maior, o orgulho de servir ao próximo com amor. Pobre daqueles que não sabem o que é isso, piedade para estes gentios. Após a crise financeira percebemos que só alguns daqueles trilhões de dólares usados para salvarem as instituições financeiras que fizeram das bolsas verdadeiros cassinos fossem distribuídos aos paises pobres já erradicariam para sempre a miséria e a fome. Que Barack Obama tenha muita sorte, que ele seja inspirado por Marthin Luther King e Ghandi, que se eventualmente atirarem contra ele..os Anjos repilam as balas, ele não é um messias, mas pode ser mais um de seus mensageiros, parabéns aos norte-americanos sensatos e boa sorte a nós, nações em desenvolvimento que ainda um dia vamos chegar lá.

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terça-feira, 4 de novembro de 2008

Não me interesso por reis, nem os do baralho...


Não me interesso por reis, nem os do baralho. Mas como me interesso pelo amor e, principalmente, por histórias de amor, não pude evitar o envolvimento diante do final feliz da saga amorosa do príncipe Charles, herdeiro do trono da Inglaterra e daquela senhora de meia-idade, Camila Parker sua eterna namorada. Trinta e quatro anos de amor! Trinta e quatro anos de dificuldades de toda ordem, imposições da família real, intrometimentos da igreja, casamentos com pessoas diferentes, cerimônias espetaculares (o casamento com Lady Di foi um dos eventos de maior pompa que o mundo já viu), e o amor dos dois lá, brilhando como a luz do sol. O romance do feio e desengonçado filho da rainha Elizabeth com a feiosa Camila tinha fortes raízes eróticas, como mostrou o telefonema gravado de um diálogo entre os dois ("eu queria ser um tampax"). Não valeu o tempo, não importaram as rugas e as pelancas. O mundo inteiro, convertido aos mitos de beleza da juventude, torceu para que ele amasse a formosa Diana. No entanto, o príncipe desengonçado só amou a sua bruxinha, com aquela cara amassada e cheia de marcas. Camila Parker é uma vitória do amor sobre os estereótipos de nosso tempo. Será que "boazudas" do cinema inspirariam um amor igual? Seguramente, não! Essa inglesa feia, de 57 anos, mostrou às mulheres, as que não são jovens e as que não são belas...que uma mulher pode ser amada por ela mesma - e para sempre. A obsessão pelos corpos sarados, pelas formas perfeitas, pelo estilo top-model, foi derrotada por esse obstinado romance. O romantismo ganhou... E as mulheres tidas como feias também podem sonhar com seu príncipe. Seja ele príncipe de verdade, ou de fantasia. Camila Parker, quando subiu ao altar, em cerimônia discreta, deve ter se sentido a mais linda das noivas... E certamente, à noite, quando mais uma vez se despiu diante dele, o príncipe enxergou, não o corpo de uma senhora, mas o corpo esbelto, juvenil, perfeito que possuem todas as mulheres, de qualquer idade, quando são amadas.

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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Impossível ganhar sem saber perder...


Corrida de automóveis pra quem não gosta parece ser um divertimento besta. Um monte de carros dando voltas no mesmo traçado durante quase duas horas, que graça pode ter isso?Assim como jogo de futebol parece ser uma diversão boba, afinal são 22 homens correndo atrás de uma bola para ver quem faz mais gols. Que interesse pode haver nisso? No caso do futebol quem já foi a um estádio mesmo não gostando do jogo entende melhor o porque desse fascínio, vislumbra in loco o poder de mobilização que esse esporte tem. As pessoas ficam eufóricas com a disputa, há histórias e identificações com os times ou seleções. É como se a disputa simulasse o que há milênios atrás já acontecia no império romano. Se trocarmos os jogadores imaginariamente por Gladiadores estaremos revivendo o que acontecia nos Coliseu dessa antiga civilização. As corridas de automóvel são emocionantes, porque os cavalos são de aço, máquinas de milhões de dólares que voam a mais de 300 km/h, porque o som parece das turbinas de avião. A máquina pilotada pelo homem é projetada para ser veloz, para vencer, para ser a mais rápida possível. O desafio mais justo é competir com si mesmo, concentração, é preciso domar o cavalo arisco, o que é mecânico torna-se emocional, sangue e óleo se misturam, na máquina e no piloto...(¨,)

sábado, 1 de novembro de 2008

Espero que sua estrada seja longaaaa...


Quando você partir, em direção a Ítaca, que sua jornada seja longa, repleta de aventuras, plena de conhecimento. Não tema Laestrigones e Ciclopes nem o furioso Poseidon; você não irá encontrá-los durante o caminho, se o pensamento estiver elevado, se a emoção jamais abandonar seu corpo e seu espírito. Laestrigones e Ciclopes, e o furioso Poseidonnão estarão em seu caminho se você não carregá-los em sua alma, se sua alma não os colocar diante de seus passos. Espero que sua estrada seja longa. Que sejam muitas as manhãs de verão, que o prazer de ver os primeiros portos traga uma alegria nunca vista. Procure visitar os empórios da Fenícia, recolha o que há de melhor. Vá às cidades do Egito, aprenda com um povo que tem tanto a ensinar. Não perca Ítaca de vista, pois chegar lá é o seu destino. Mas não apresse os seus passos; é melhor que a jornada demore muitos anos e seu barco só ancore na ilha quando você já estiver enriquecido com o que conheceu no caminho. Não espere que ítaca lhe dê mais riquezas. ítaca já lhe deu uma bela viagem; sem ítaca, você jamais teria partido. Ela já lhe deu tudo, e nada mais pode lhe dar. Se, no final, você achar que ítaca é pobre, não pense que ela o(a) enganou. Porque você tornou-se um sábio(a), viveu uma vida intensa, e este é o significado de ítaca.

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terça-feira, 28 de outubro de 2008

CARTA ESCRITA NO ANO 2040...


Acabo de completar 80 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo pouca água. Creio que me resta pouco tempo.Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade. Recordo quando tinha 5 anos.Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques. As casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro por aproximadamente meia hora. Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele. Antes, todas as mulheres mostravam as suas formosas cabeleiras. Agora, raspamos a cabeça para mantê-la limpa sem água. Lavavamos o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que utilizávamos a água dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam para CUIDAR DA ÁGUA, só que ninguém lhes dava atenção. Pensávamos que a água jamais poderia terminar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados. As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam os empregados com água potável em vez de salário. Os assaltos por um litro de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Antes, a quantidade de água indicada como ideal para se beber era oito copos por dia, por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo. A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo. Tivemos que voltar a usar as fossas sépticas como no século passado porque a rede de esgoto não funciona mais por falta de água. A aparência da população é horrorosa: corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera. Com o ressecamento da pele, uma jovem de 20 anos parece ter 40. Os cientistas investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos gametas de muitos indivíduos. Como conseqüência, há muitas crianças com insuficiências, mutações e deformações. O governo até nos cobra pelo ar que respiramos: 137 m3 por dia por habitante adulto. Quem não pode pagar é retirado das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar. Não são de boa qualidade, mas se pode respirar. A idade média é de 35 anos. Em alguns países restam manchas de vegetação com o seu respectivo rio que é fortemente vigiado pelo exército. A água tornou-se um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes. Aqui não há árvores porque quase nunca chove. E quando chega a ocorrer uma precipitação, é de chuva ácida. As estações do ano foram severamente transformadas pelas provas atômicas e pela poluição das indústria do século XX. Advertiam que era preciso cuidar do meio ambiente, mas ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem, descrevo o quão bonito eram os bosques. Falo da chuva e das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que quisesse. Não posso deixar de me sentir culpada porque pertenço à geração que acabou de destruir o meio ambiente, sem prestar atenção a tantos avisos. Agora, nossos filhos pagam um alto preço... Sinceramente, creio que a vida na Terra já não será possível dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível. Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto... enquanto ainda era possível fazer algo para salvar o nosso planeta Terra!

FAÇA ESTA MENSAGEM CHEGAR A SEUS CONHECIDOS. POR CADA PESSOA QUE A LER VOCÊ ESTARÁ CRIANDO UM POUCO DE CONSCIÊNCIA PARA CUIDAR À SUA VOLTA.

ACORDA GOVERNO, ACORDA HUMANIDADE...enquanto ainda é tempo!
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domingo, 19 de outubro de 2008

Sou prosa!


Faço versos, versos simples, mas sou prosa e quanto mais revejo e releio meus escritos, mais me convenço disso. É quando escrevo sem medir o tempo, o espaço, sem fazer rimas e sem buscar metáforas em lindas palavras, que me solto e me coloco inteira. Sentimento puro, à flor da pele, recheado de momentos de puro carinho e, em outras vezes, carregados de pura ira. Escritas que demonstram alegria imensa, outras uma profunda tristeza, mas que elevam, fazem voar, energizam, acolhem, recolhem, envolvem e se dissolvem, mas que deixam marcas profundas e que me tornam essência de puro sentimento.

Se, algum dia, alguém quiser saber o que realmente faz com que eu me sinta viva eu sei que, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi, sem pensar sequer por um segundo: - sentir! Sentir que existo, vibro, amo, desejo, me encanto, me reconheço, percebo, entristeço, choro, perco o controle, recupero, subo, desço, respiro e transpiro, mas vivo. Vivo intensamente cada momento e isso é o que eu desejo fazer para sempre.

Se, algum dia, alguém quiser saber o que realmente faz com que eu me sinta morrendo em vida, eu sei que, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi, sem pensar por um segundo: - não ser! Não ser eu mesma, medir palavras, buscar desculpas, ocultar sentimento, polemizar, deixar de ouvir, saber o outro, perguntar, esconder, me anular e constatar que perdi meu tempo com algo que não tivesse realmente sentido.

Se alguém, um dia, quiser saber o que realmente faz com que eu me sinta feliz, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi, sem sequer pensar: - carinho! Carinho verdadeiro, que embala, transforma, aquece, estremece, supera, envolve, acolhe, transfere, purifica, marca, supera e que modifica tudo, para tornar-se cada vez maior.

Se, por ventura, alguém me perguntar o que me deixa realmente triste eu direi, sem sequer piscar: - a violência! Violência gratuita, sem sentido, que fere, dói, magoa, persegue, repele, mata, corroi, animaliza, banaliza e sufoca até a morte.

Se alguém me perguntar o que me causa dor, ontem, hoje, amanhã e sempre, com certeza eu direi: - o medo! Medo de não saber, de não ser, de não sentir Medo que paralisa, que destrói sonhos, que endurece, emperra, afasta e que impede a vida.

Se alguém me perguntar, o que realmente me causa ira, ontem, hoje, amanhã e sempre eu direi: - o escárnio! Escárnio que envergonha, minimiza, que potencializa a dúvida, que tira a confiança, que amedronta, desmoraliza, embrutece, violenta, brutaliza e que faz com que o outro não se perceba capaz.

Se alguém quiser saber o que me faz desistir de me aproximar de alguém, ontem, hoje, amanhã e sempre eu vou dizer: - a arrogância! Arrogância que afasta, bestifica, impede, incomoda, violenta, zomba e não se reconhece.

Se alguém quiser que eu defina, em uma única palavra, a minha maneira de ser, ontem, hoje, amanhã e sempre eu responderei de imediato: - humana! Humana a ponto de sentir, permitir, abrir e baixar a guarda, oferecer, conciliar, reavaliar, superar, rever, doar, entregar, compreender e buscar, sempre, um modo de aproximar. Aproximar para saber, sem ser injusta, para conhecer, rever, ponderar e conviver para viver e então, sentir. Sentir que me faz voltar ao momento inicial desse desvendar de mim mesma e descobrir-me prosa. Um pouco poética, mas prosa.

sábado, 4 de outubro de 2008

LOUCURA versus SANIDADE..!


Hoje foi um ia muito diferente para mim. Enquanto observava as vacas pulando de galho em galho, e ouvia o canto dos peixes, comecei a refletir sobre coisas muito importantes. Muitas vezes temos a sensação de impotência diante dos fatos que ocorrem nesse mundo. Tudo parece ser tão aleatório e sem seguir quaisquer regras. A sociedade moderna trouxe consigo um estado anômico que faz com que as pessoas sintam-se cada vez mais perdidas diante de tantas informações. A resposta que encontramos para isso é criar barreiras psíquicas, para proteger-nos. Tornamo-nos cínicos, blasés. Como é que nós conseguiremos nos importar com as outras pessoas sem que ao menos saibamos como tomas conta de nossas próprias vidas? Claro que é possível tentar contrabalancear esses dois elementos, mas não é fácil. Vivemos numa roleta russa emocional que foge totalmente ao nosso controle. O que fazer então? Sinceramente, creio que a melhor solução possível é buscar meios para tentar levar uma vida (quase) saudável. Não acredito que ninguém possa ser capaz de levar uma vida saudável, pois há muitas dificuldades que surgem diariamente para impor-nos desafios. Vive é lutar. No fim das contas, acho que todos de alguma forma acabam vendo vacas pulando de galho em galho e ouvem o canto dos peixes, pois todos nós somos loucos de alguma forma.

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Quando Nietzsche chorou...


Pretensão. É essa a palavra que veio à minha cabeça quando terminei de ler "Quando Nietzsche Chorou", de Irvin D. Yalom. O livro, para quem ainda não ouviu falar do best seller, trata-se de um suposto encontro do filósofo ´para tratar-se com o Dr. Breuer, um famoso médico de Viena no século XIX, que também era amigo de Freud. Até aí, nada demais. O autor demonstra ter uma imaginação e tanto. E há mais coisas interessantes neste livro: a ambientação, por exemplo: Viena é retratada de forma interessante pelo narrador. Algumas descrições dos personagens. O contexto histórico. Um outro fator positivo é o fato de que a leitura é fácil - com um narrador personagem - sem maiores complicações, numa linguagem simples, permitindo ao leitor acompanhar o desenvolvimento da história sem maiores problemas. No entanto, há alguns aspectos negativos que não podem e nem devem ser ignorados. Por exemplo: a figura da mulher misteriosa representada por Lou Salomé é totalmente óbvia, pois dezenas de personagens femininas já foram retratadas de forma parecida: anticonvencionais, belas, caráter forte, que nunca aceitam "não" como resposta, sedutoras, etc. É apenas a repetição de aspectos de outros personagens femininos que já apareceram em outros livros. A simplicidade da linguagem também é outro problema, pois, especialmente no começo, a linearidade narrativa chega a ser entediante. Os pensamentos dos personagens e suas ações tornam-se previsíveis. Um exemplo: ao chegar em sua casa, o narrador observa que sua mulher se vestia de cinza, ou com outras palavras, demonstra arelação que tinha com ela, desapaixonada. Mesmo os flashbacks depois de um certo tempo, podem ser previstos. Mas o melhor está no final: no último capítulo não há surpresa nenhuma, dado que o nome do livro já diz tudo. Se eu pudesse mudar o títuloi do livro, escolheria "Nietzsche para Iniciantes". Ou ainda "O que é Psicanálise?". Durante os capítulos o autor vai expondo alguns pensamentos do filósofo, mas sem aprofundá-los (acho que nem seria cabível em um livro comercial fazer tal coisa). E toda aquela conversa entre "Fritz" e Breuer, para quem já fez análise, sabe muito bem do que se trata aquele tipo de tratamento. Outros aspectos poderiam ser levantados, como a relação terapeuta-paciente, a transferência, a presença de Freud. Mas tudo levaria às mesmas conclusões, a de que o livro é um fenômeno comercial, sem maiores pretensões. Para ser sincero, há momentos que até lembra livros de auto-ajuda. A superficialidade predomina do começo ao fim. Mas não é uma leitura desagradável. Deve ser lido sem criar maiortes expectativas, jamais acreditando que vai ser possível entender a filosofia de Nietzsche, ou que vai entender o processo psicanalítico. Não, o livro não é sobre isso. É puro entretenimento, mais um produto comercial que está à venda nas livrarias.

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terça-feira, 9 de setembro de 2008

CORUJA...o ver a totalidade


A Coruja conecta com todas as partes do ser, e permite vencer o temor e aprender a qualidade da consciência do existir e do fluir em todos os níveis. A Coruja trás como significado “o ver a totalidade”, ou seja, ela, através da sabedoria, nos dá a possibilidade do ver as coisas na sua totalidade, o consciente e o inconsciente. Esse animal tem a capacidade de ver na escuridão, o que significa também ampliação dos limites da percepção. A Coruja conecta com todas as partes do ser, e permite vencer o temor e aprender a qualidade da consciência do existir e do fluir em todos os níveis. Os poderes da Coruja são clarividência, a projeção astral e a magia. Na essência, a Coruja vê o que os outros não vêem, e pode ter mais percepções a respeito de outras pessoas do que desse animal pode ser invocado de outras pessoas do que de si mesma. Mas mesmo assim, o poder desse animal pode ser invocado para que a pessoa desperte a capacidade de olhar para si mesma, em busca de uma visão mais íntegra de si, ou de aspectos que ainda permanecem obscuros e precisam ser vistos. Na tradição Guarani, o Grande Espírito, Pai-Mãe Criador, ñamandu, manifestou-se na forma de um colibri e também na forma de uma Coruja, criando a sabedoria. Ele vê no escuro, por isso, sempre simbolizou a filosofia, que permite ver nas questões obscuras. Onde o homem comum nada percebe, o filósofo vê e compreende. A Coruja representa o poder e o saber filosófico.

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

QUANDO...


"Quando uma porta se fecha, outra se abre. Mas muitas vezes nós ficamos olhando tanto tempo, tristes, para a porta fechada que nem notamos que se abriu outra para nós."Então vamos refletir sobre isto, porque as pessoas pensam em termos de encontrar melhores portas quando uma se fecha, mas essas "melhores" portas são também ilusão. Logo logo esta porta vai cansar o espírito, por melhor que seja. De modo que é preciso ter consciência. Se uma porta é fechada na sua vida, não fique pensando nela, nem tentando ver uma porta melhor. Mas entenda que tudo é uma forma de você poder perceber a Porta Suprema. Se você, num momento de decepção, ou de entendimento da natureza do mundo material, que está sempre oscilando entre "melhor" e "pior", escolher a Porta Suprema, que sempre esteve escancarada para nós, então entraremos em nossa realidade e saberemos que as portas deste mundo nada mais são do que as nossas escolhas ilusórias. Quando nos deparamos com um caso mais sério a ser resolvido, muitas vezes estagnamos perante o mesmo alegando que há uma decisão a ser tomada e ocasionalmente, não conseguimos fazê-la!Basta pensar que opções são feitas todos os dias, o tempo todo e que essa, em especial, não é uma situação inédita. O ato já é bem conhecido. O que varia é a responsabilidade que dele surge, o peso de optarmos com o coração, usarmos nosso livre-arbítrio e dessa atitude podermos encarar a responsabilidade da decisão, sem culpas ou medos do pecado, mas sim, aceitando arcar com nossa escolha de peito aberto e cabeça erguida! Ai entra o livre-arbítrio e no poder de optar com o próprio coração. Basta uma escolha e um novo Caminho mostra-se a nossa frente... e dele a vida. Tece sua teia, podendo ou não mudar o rumo de toda uma existência... Optar com o coração, com o mais profundo amor, em tudo o que se faz é , antes de mais nada, um ato de liberdade. Em decorrência disso, se decidimos legitimamente, encaramos nossa responsabilidade com dignidade e retidão. Assim exercemos o livre-arbítrio e aprendemos a respeitar o Caminho de todos os nossos semelhantes.

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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

CÉU...


Acho que todos, um dia, já chegamos ao ponto de olhar para o céu e procurar respostas. Também consolo, talvez. A vida aqui na terra por vezes é tão díficil. Por vezes, aqui, por entre os mortais é difícil respirar. Pode chegar a doer. É como quando choramos muito e chega uma altura que é dificil deixar de chorar, e perdemos a fala, perdemos o pulso...perdemos mesmo a ligação à vida...por um segundo. E então, abre-se um pequena ferida na alma. Estas feridas na alma que me vão distanciando da vida, mas ao mesmo tempo me prendendo, são dolorosas. Como se pequenos punhais estivessem constantementes cravados em mim, que me fazem desejar morrer. Mas são invisivéis a quem me rodeia. E eles não percebem o porquê deste desespero, deste desejo de morrer. São alguns deles que me cravam estas lâminas afiadas na alma, e nem sequer reparam que me dói. Tanto egoismo, tanto sadismo... Que irmãos são estes que não me protegem? Que irmãos são estes que me matam aos poucos? Pobre dos humanos que ainda não sabem o que é fraternidade, amizade, amor. Pobre de quem é materialista. Pobre de quem é pobre, pobre de quem não tem nada! Quando olho para o céu busco as minhas respostas. Pergunto o que é dos filhos de Deus, pergunto porquê tanta loucura foi inventada, para que precisamos dela? Pergunto se me podem aliviar a dor. E digo que as feridas não sangram, mas despedaçam e são fundas. Pergunto quando me vem salvar. Quando? E peço a benção de Deus...mesmo sabendo que talvez não seja digna dela. Respostas não obtenho nenhumas. Silêncio, só silêncio. Talvez seja essa a resposta. Talvez seja eu quem não saiba decifrar o silêncio.

Procuro salvação. Há alguém que me limpe as feridas? Há alguém que me resgate para a vida?

Há alguem que saiba quem sou?...(¨,)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Na varanda...


Quando você conhece alguém que ainda não conhecia da convivência, que não foi amizade de infância, ou colega de classe, vizinho ou conhecido, que não é pessoa comum de seus dias, você ainda não pode conhecer seu histórico, seus pecados e suas virtudes. Os desconfiados usam prudência e pé atrás sempre. Mas há pessoas que vamos com a cara logo de cara. Gente Rara.
Você só conhece o outro ainda incógnito pelo que vê, pelos seus gestos, pelas suas atitudes, sobre o que fala, uma análise mais apurada só se tem com a convivência. Mas as aparências enganam, são traiçoeiras, para sim ou para o não, “quem vê cara não vê coração”. Podemos nos surpreender com alguém ou nos decepcionar. E a mesma impressão que temos do desconhecido ele também poderá ter de nós. Imaginando que fossemos casas, deixamos algumas pessoas entrarem só até nossa varanda. Lá elas são inofensivas, só conhecem nossa fachada e oferecemos um refresco para que elas se sintam à vontade e fiquem com uma boa impressão de nós. Ou não, podemos desejar que se afastem e não voltem mais, gritamos com elas logo na porta de entrada e as maltratamos, assim, não corremos o risco dela fazer parte de nossa vida nunca. Com um pouco mais de intimidade, se julgamos dignas de nossa confiança e isentas de maldade, deixamos que entre em nossa sala de visitas e se sente em nosso sofá. Assim ela pode conhecer melhor nosso interior, mas não tudo, apenas uma parte. E se ela continuar sendo digna então deixamos que entre em nossa cozinha, nos corredores e no lavabo. Que experimente nossa comida, que abra nossa geladeira, que passeie pelo quintal, que veja nossas roupas estendidas no varal, que sinta qual é o clima de toda nossa casa e de seus moradores. O maior grau de intimidade é atingido quando a pessoa adentra em nosso quarto de dormir, quando conhece onde é que repousamos, a cor de nossos lençóis e as estampas de nossas cortinas. Quando ela atingiu esse estágio fica dentro da gente, torna-se de casa pode dormir na casa da gente quando quiser. Em casos especiais damos até a chave pra ela entrar quando quiser. E se não der certo, temos que trocar a fechadura. Conheço a varanda de centenas de pessoas, assim como elas conhecem a minha, quase todas varandas delas são agradáveis, acho que a minha também é. Mas conheço poucas salas das pessoas e pouquíssimas conhecem a minha, menos ainda a minha cozinha e eu a delas. O meu quarto de dormir só conheceram aquelas que eu amei verdadeiramente. Viram a bagunça das minhas roupas, os livros que leio na cabeceira da cama, e sentiram o cheiro do meu travesseiro. Daquelas que conheci o quarto de dormir guardei na lembrança a foto de criança que elas tinham no porta-retrato.

BJOSDELUZ...(¨,)

terça-feira, 26 de agosto de 2008

ELEIÇÕES..!


Além de atrasar o início da novela e de representar um irresistível convite a desligar o rádio do carro para desfrutar o silêncio meditativo na hora do rush, o horário eleitoral gratuito, em tese, deveria ter como função principal assegurar que todos os concorrentes possuam o mesmo direito ao expor suas propostas. Mais do que isso, a possibilidade que concede aos candidatos – de se dirigirem diretamente aos eleitores por um período de quase dois meses ininterruptos - garantiria a qualquer eleição o caráter democrático, visto que todos os partidos devem estar representados no programa. Acontece que, na prática, a propaganda eleitoral há muito se transformou num divertido show de disparates, que acaba conseguindo conquistar a atenção do eleitor, mas pelo motivo errado. A começar pela enorme incidência de pessoas absolutamente desprovidas de qualquer carisma ou eloqüência, as quais deveriam concentrar o foco de suas campanhas numa boa fotografia - segurando uma criança no colo, por exemplo - ou num texto inflamado redigido por algum assessor. Em vez disso preferem se apresentar aos eleitores vesgos, lendo o texto que deveriam saber de cor, ou simplesmente fazendo um “ok” para a câmera, enquanto o locutor diz a única frase que o tempo disponível lhes permite. Esta categoria, aliás, está sempre bem representada, pelo menos desde que Dr. Enéas e seu famoso e sucinto bordão conquistaram (pasmem) 4,6 milhões de votos e a terceira posição na corrida presidencial de 1994. Nas eleições seguintes Enéas levou seu minúsculo partido, o Prona, ao quarto lugar na disputa pelo comando do Palácio do Planalto e, a partir do fenômeno cômico em que se transformou, forneceu provas significativas de que idéia alguns brasileiros têm da política e, principalmente, do tipo de uso que dão ao seu voto. Os que assistem ao horário eleitoral com o real intuito ao qual este se destina, podem se deparar com algo além de momentos constrangedores, capazes de fazer lamentar qualquer entusiasta da representação partidária no Brasil; há também o outro lado, o das grandes siglas que possuem recurso e tempo suficientes para expor suas plataformas, que empregam milhões em estratégias de marketing, em vídeos de campanha produzidos com recursos cinematográficos, cada vez mais indispensáveis para a conquista dos cargos. Enquanto tomadas de helicóptero, efeitos de computação gráfica e jingles afiados distraem a atenção do telespectador, o foco da propaganda sai do discurso e vai para a estética. E é exatamente aí que a programa eleitoral gratuito se mostra falho em sua concepção: como evitar que um espaço destinado a elucidar as dúvidas do eleitor se transforme num ringue onde a verdadeira disputa se dá através das cifras? Em outras palavras, estaria a democracia realmente representada em sua forma plena num cenário de forças tão desiguais? Hoje posso afirmar sem hesitação que grana também elege. Talvez isto não represente uma grande questão em outros países cuja população possua maior nível de instrução, mas, no Brasil, onde o voto é obrigatório para estimular a participação política de todas as camadas sociais, este é sim um grave problema. Quantos são os eleitores que possuem a capacidade de abstrair uma campanha de recursos modestos em nome das propostas apresentadas? Camisetas, chaveiros e dentaduras ainda hoje funcionam como ótimos cabos eleitorais. Não sou contra a propaganda eleitoral televisiva, mas sou a favor de que ela exista de maneira institucionalizada. Uma cadeira, uma bancada, um candidato e suas propostas, condições iguais para todos. Pense como se sairiam alguns conhecidos políticos sem o aparato que existe por trás de suas candidaturas, ao passo que outros não teriam outra alternativa a não ser evidenciar a fragilidade de suas propostas. Quem sabe dessa forma a propaganda eleitoral seria mencionada por outro motivo além de atrasar a novela?

PRESTEM ATENÇÃO EM QUEM IRÃO VOTAR.